Crianças e adolescentes do Brasil devem participar ativamente das decisões e construções de mudanças que afetam suas vidas. Essa é uma garantia prevista na Convenção dos Direitos da Criança da ONU, que o Brasil assinou em 1989, e também no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Facilitar essa transição do mundo das leis para o cotidiano das pessoas é o objetivo do jogo virtual Pedras no Caminho da Participação desenvolvido em grupo por três adolescentes do movimento social Não Bata, Eduque, na pandemia de Covid-19.
Rebeca Cassiano, de 16 anos, Maria Heloísa, 18, e Israel Izael, 17, são estudantes e mobilizadores da rede. No ano passado, eles fizeram um curso de design e criação de games e precisavam entregar um projeto. “Então surgiu a ideia de fazer um jogo sobre a participação das crianças e adolescentes nas tomadas de decisão. As pedras são situações que a gente vê todos os dias e diminuem a nossa voz”, afirma Maria Heloísa.
A ideia foi crescendo e o jogo resume as 15 etapas para superar os desafios de inclusão das crianças e adolescentes nas tomadas de decisão. “Todas as situações têm relação com as ações do dia a dia para que as pessoas reflitam. A cada avanço, o jogador ganha dois corações e evolui no jogo. As perguntas também podem ser enviadas por WhatsApp, Facebook ou Instagram para outras pessoas, assim a experiência é compartilhada”, comenta Maria Heloisa.
Além da abordagem lúdica, o jogo divulga os direitos, para que sejam conhecidos, defendidos e respeitados. “O roteiro surgiu das experiências desses adolescentes, negociando com adultos em encontros de organizações governamentais e não-governamentais de direitos de crianças e adolescentes, nas comunidades e na escola”, diz a educadora social Grasiela Cordeiro, que orienta os mobilizadores nas atividades da rede Não Bata, Eduque. “O jogo aborda, por exemplo, a importância do grêmio estudantil, do Estatuto da Criança e do Adolescente, de espaços de denúncia como o Disque 100 e etc..”
Grasiela destaca que o jogo melhora o diálogo entre as crianças e os adultos, ajudando na solução de conflitos, incentivando, em todos, a capacidade de argumentar. “As crianças falam de um mundo adultocêntrico, que existe pautado em como os adultos enxergam o mundo. A sociedade se organiza por esse olhar adulto, sem considerar as crianças, romantizando como elas se expressam e quando se colocam nestes lugares”, afirma.
O objetivo é que, além das juventudes, adultos, educadores, famílias e professores também experimentem o jogo e reflitam sobre “as pedras no caminho”.
NÃO BATA, EDUQUE A rede Não Bata, Eduque conta com a participação de 300 membros e entidades parceiras de várias regiões do país. Ela surgiu em 2006 e atua na prevenção e no combate ao uso dos castigos físicos e humilhantes sob o pretexto de educar crianças e adolescentes
O JOGO PEDRAS NO CAMINHO DA PARTICIPAÇÃO
- Acesse www.pncp.netlify.app, escolha a Gabi ou o Tiago como avatar e divirta-se
- Consulte o Guia de Ideias sobre o jogo com dicas e conteúdos de participação infantil