Criada para enfrentar a dificuldade de inserção no mercado de trabalho, a terceira edição da Feira de Empregabilidade para Pessoas Trans e Travestis ocorre na cidade de São Paulo na próxima segunda, dia 4 de abril. O evento é promovido pela Casa 1, organização que fica no bairro do Bixiga, região central da capital paulista — o projeto acolhe pessoas LGBTQIA+ expulsas de casa, mantém um centro cultural e oferece atendimento de saúde mental e física. O público médio mensal é de 3.500 pessoas.
Captador de recursos para a Casa 1, Angelo Castro ressalta: o emprego não deve ser pautado por questão de gênero, e sim pelas capacidades e competências de seus candidatos. “A gente luta contra coisas muito estruturais. Estamos colocando no centro pessoas LGBTQIA+ e esse movimento vai mudar os paradigmas”, diz.
EM NÚMEROS Por falta de oportunidade no mercado de trabalho, 90% da população travesti e trans recorre à prostituição para sobreviver *4% das mulheres trans têm empregos formais, com possibilidade de promoção e plano de carreira *6% das mulheres trans ocupam atividades informais e subempregos *A prostituição é ocupação que mais mata pessoas LGBTQIA+ *De todas as mortes violentas de LGBTQIA+ ocorridas no Brasil em 2021, 78% foram contra travestis e mulheres trans profissionais do sexo Fonte: relatório da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra)
A Feira de Empregabilidade terá ao todos 30 vagas no setor de serviços, a exemplo de bares, restaurantes e baladas. Os participantes poderão usar serviços de elaboração e impressão de currículo, sem custo, e o valor da passagem (ida e volta) será bancado pela organização. Também serão servidos lanches para todos que estiverem no local.
Debate fundamental — Um dos objetivos do evento é provocar a discussão sobre diversidade nas empresas e assim mobilizar um fortalecimento organizacional para que a comunidade trans e travesti não seja excluída. Um dos mecanismos para isso é promover uma espécie de letramento básico das empresas para uma inserção consciente dessa população, trazendo discussões de gênero e fazendo com que o empregador olhe para esse público a partir de suas capacidades. ”Mais do que ligar um perfil a uma vaga, [é importante] entender que tem de existir uma mudança estrutural para receber esses corpos”, explica Angelo.
Em formato presencial, a nova edição funcionará com capacidade reduzida para garantir a segurança de todos. O uso de máscara e a apresentação do comprovante de vacinação com esquema vacinal completo serão obrigatórios.
+Sobre a CASA 1 — A organização surgiu em 2016, como local para acolher expulsos de casa por causa de sua orientação afetiva sexual e identidade de gênero. Além de funcionar como centro cultural e educacional, com cursos profissionalizantes de maquiagem, cabelo e costura. Uma clínica social oferece plantões de escuta e atendimentos de psicoterapia gratuitos ou a preços especiais. Uma frente de assistência recebe pessoas em situação de vulnerabilidade e distribui cestas básicas, material de higiene, roupas e agasalhos. A maior parte das doações chega por meio de pessoas físicas (59%). O serviço é aberto e universalizado para todos os públicos, mas com prioridade no atendimento para a população LGBTQIA+.
FEIRA DE EMPREGABILIDADE PARA PESSOAS TRANS E TRAVESTIS QUANDO: 4 de abril (segunda – feira) Horário: 11h às 16h ONDE: Galpão Casa 1 – Rua Adoniran Barbosa, 151 - Bela Vista - Centro QUANTO: grátis Mais informações no site da Casa 1 e no email empregabilidade@casaum.org