Depois de entender a diferença entre dívida e inadimplência e saber a verdade sobre dívidas que (não) “caducam”, é hora de conhecer o passo a passo para sair do vermelho, colocar as contas em dia e começar 2022 com o pé direito.
PASSO 1: CONHEÇA O VALOR TOTAL
Faça uma lista de todas as dívidas, atrasadas ou não. Para isso, confira seus registros nos bancos, cartões de crédito e de lojas de varejo, contas básicas (energia, água, telefone, internet etc.), dinheiro que pegou emprestado com tia, avó, mãe, primo, papagaio. Coloque o nome da dívida e o valor inicial. Por exemplo: cartão tal: R$ 350; Tia Ana: R$ 200 e assim por diante. Ponha um embaixo do outro, e deixe as dívidas que já estão sendo cobradas com juros na parte de cima da lista.
Na última linha, some todos os valores da coluna e encontre os totais. É importante você saber o montante total de todas as suas dívidas para poder se planejar
Uma dívida que está em R$ 10 mil pode ter o valor inicial equivalente a R$ 1,5 mil, sendo o restante todo de juros e multas. Conhecer a origem da bola de neve é a base para os passos seguintes.
Na frente a dívida inicial, escreva o valor com os juros e depois a taxa anual. Muitas vezes não encontramos fácil a anual, e sim o mensal. Alguns sites fazem essa conta para você. Basta procurar por “conversão taxa de juros mensal para anual”.
PASSO 2: SAIBA PRIORIZAR
Se você tem dívidas em várias instituições e montantes distintos, separe as que têm de pagar primeiro. O ideal é que o valor mensal usado no pagamento nunca seja superior a 30% da renda. Por exemplo: se você ganha R$ 1 mil, tente não comprometer mais de R$ 300 por mês. Essa é a hora de dar aquela apertada no cinto sem comprometer o essencial para sua sobrevivência, caso contrário, vai fazer novas dívidas enquanto está tenta pagar outras.
Resolva antes o que põe em risco os serviços básicos, como energia, por exemplo, e depois o que sofre com as maiores taxas de juro anual. Mas, antes de sair pagando, segura um pouquinho. Os próximos dois passos são os responsáveis por fazer a principal diferença no seu bolso.
PASSO 3: TROQUE SUAS DÍVIDAS CARAS POR OUTRAS MAIS BARATAS
Dívidas com juros maiores são mais caras. Algumas operadoras de crédito ou instituições financeiras compram a sua dívida e te oferecem alternativas de pagamento que podem caber melhor no seu bolso. Isso é o que chamamos de portabilidade de dívida. Outra opção é um empréstimo com uma taxa de juros inferior à taxa que você está pagando. É hora de botar a mão na massa e pesquisar bastante. Neste passo não tem receita, infelizmente.
Mas presta atenção ao montante final! Às vezes uma dívida tem uma taxa de juros anual menor, mas ao ser parcelada em mais vezes o valor total acaba ficando mais caro do que a opção original. Sempre que surgir uma alternativa, saiba exatamente o preço final, a parcela e os juros.
Exemplo 1: tenho uma dívida de R$ 1.292,85 e em um ano estarei devendo R$ 3.538,86 (valor inicial multiplicado pela taxa de juros anual somado ao valor inicial).
Se pegar um empréstimo de R$ 1.3 mil a ser pago em 12 parcelas de R$ 141,81 para pagar os R$ 1.292,85 que devo hoje, fará com que no final do ano eu tenha usado R$ 1.701,81 no total.
Exemplo 2: tenho uma dívida de R$ 1.292,85 e em um ano estarei devendo R$ 3.538,86 (valor inicial multiplicado pela taxa de juros anual somado ao valor inicial).
Se eu pegar um empréstimo de R$ 1,3 mil para pagar os mesmos R$ 1.292,85 em 24 parcelas de R$ 88,06, ao final dos 24 meses eu terei usado R$ 2.113,44.
A taxa de juro é a mesma e as duas situações são vantajosas em relação à dívida original, basta se organizar para contratar o que cabe no seu bolso,
PASSO 4: HORA DE NEGOCIAR
Depois de ver as opções disponíveis no mercado, é hora de negociar com a instituição de origem da sua dívida. É minha parte favorita, mas entendo que não é a da maioria.
Tenha em mente quanto você realmente usou, ou seja, aquele valor inicial que acabou virando uma bola de neve e se organize. O melhor poder de barganha é o dinheiro. Se consegue ter disciplina e, caso não tenha acesso a boas oportunidades de crédito, vale passar alguns meses sem pagar e ir juntando o dinheiro até ter um pouco mais do que o valor inicial devido. Só então é a hora de negociar.
Na maior parte das vezes, a primeira proposta dada pela instituição será diminuir a parcela e aumentar o tempo de pagamento, o que faria sua dívida ficar ainda mais cara. Se ligou uma vez e não chegou ao acordo que queria, ou próximo dele, tente depois com outro atendente.
Esta estratégia é para um último caso. Só para quando sua dívida já cresceu muito devido aos juros e você fica pagando as parcelas, mas a dívida não diminui. Nunca negocie um valor que não sabe se conseguirá pagar, isso só vai diminuir sua credibilidade com a instituição financeira e prejudicar futuras negociações.
Perceba que no exemplo que eu dei no passo 3, se eu pegasse o empréstimo logo no primeiro mês que notei que não daria conta de pagar o que devia, o valor não subiria tanto quanto se eu deixasse para começar a pensar nisso um ano depois, quando a dívida já mais que triplicou de tamanho.
No primeiro momento, vale a troca de dívida, mas se já tiver acumulado muito juros, talvez valha a pena ir juntando para poder negociar o pagamento à vista. Em última instância, diante de juros abusivos, fale com um advogado para fazer um acordo na justiça.
Uma dica de ouro é visitar o portal do Serasa online. Nele você consegue ver propostas de quitação de dívidas com mais de 90% de desconto. É só gerar um boleto e pagar. Isso pode te salvar algumas horas de conversa por telefone
Resumo deste passo e do anterior: algumas horas de pesquisa e conversa no telefone podem te render uma economia do valor do seu salário ou mais, dependendo do tamanho da dívida.
PASSO 5: EVITAR QUE A SITUAÇÃO SE REPITA
Se você chegou até aqui, eu tenho certeza de que é alguém preocupado com a situação que se encontra. Claro que não está endividado ou inadimplente por querer. Acidentes e emergências acontecem e se não temos uma reserva financeira para esses momentos acabamos nos endividando.
Por isso, ter uma reserva financeira é tão importante. Guardar um pouquinho cada mês pode te livrar de grandes furadas, te dar segurança e liberdade. É um presente do seu eu do presente para o seu eu do futuro. Você é a pessoa que mais ganhará com isso.
O crédito não necessariamente é um vilão. Sem ele, milhões de brasileiros não conseguiriam alcançar muitos sonhos e obter bens duráveis essenciais para a vida. Mas infelizmente ainda não aprendemos a lidar com ele da melhor forma, respeitando nossos limites — ainda mais quando se trata do cartão de crédito, um instrumento sempre presente no cotidiano. Portanto, procure não se culpabilizar tanto nesse processo e guarde suas energias para ava em relação avançar na direção de uma vida financeira melhor. Você merece isso! Estamos juntos. Boa sorte.
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Prezada Isa Lodi! Obrigada pelas posições colocadas no seu artigo. Gostei muito. A divida não grande, mas me preocupo com a minha c/corrente estar constantemente negativada. Tentarei fazer o que a Sra. sugere. Obrigada mesmo. Saudações da Ingride.
Deveria ser disciplina escolar, é excelente o curso “Educação Financeira” que ensina o passo a passo de como as pessoas ter conhecimento financeiro e desenvolvimento pessoal. https://bit.ly/finançascerta