A proporção de famílias brasileiras endividadas caiu na passagem de abril para maio, mas a inadimplência aumentou, conforme os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta terça-feira, 7 de junho, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em maio, 77,4% das famílias relataram ter dívidas a vencer, queda de 0,3 ponto porcentual em relação a abril. Na comparação com maio de 2021, houve um salto de 9,8 pontos porcentuais.
A inadimplência, medida pela proporção de famílias que relataram ter dívidas em atraso, ficou em 28,7% do total de entrevistados, alta de 0,1 ponto ante abril. Já a proporção de entrevistados que informaram que não terão condições de pagar as dívidas em atraso, um sinal de permanência na inadimplência, ficou em 10,8%. Um ponto abaixo do registrado em abril.
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“As famílias estão enfrentando dificuldades para honrar suas dívidas no mês, pois já estão com o orçamento muito apertado não só por conta das dívidas, mas também pela inflação ao consumidor acima dos 12% anuais. O comprometimento médio da renda familiar com dívidas chegou a 30,4% em maio, a maior proporção desde agosto de 2021. Do total de endividados, 22,2% precisaram de mais de 50% da renda para pagar dívidas com bancos e financeiras, proporção mais elevada desde dezembro de 2017”, diz a nota divulgada pela CNC.
A análise desagregada por faixa de renda indica a abertura de postos de trabalho, ainda que com salário mais baixos, e políticas de transferência de renda, como a criação do Auxílio Brasil de R$ 400 ao mês e a antecipação do 13º-salários de aposentados e pensionistas, aliviaram o orçamento dos mais pobres. Tanto que a queda de 0,3 ponto percentual na proporção de famílias endividadas foi puxada por aqueles com rendimento familiar abaixo de dez salários mínimos.
“A queda foi maior entre as famílias de menor renda, com até dez salários. Para esse grupo, além disso, o volume dos que afirmaram não ter condições de pagar as contas já atrasadas manteve-se estável (13,1% do total). Essa dinâmica é explicada pela melhora do mercado de trabalho e pelas transferências de renda, como o incremento no valor do Auxílio Brasil, saques extras do FGTS e antecipações do 13º salário”, diz a nota da CNC.