“Eu vejo a Amazônia como nosso quintal. Belém (PA) nasceu no meio da Amazônia, são prédios dentro de uma floresta”, diz o escritor Michel Jadson, o Preto Michel. Essa percepção ele leva para os livros, ao escrever sobre lendas amazônicas.
Natural de Salinópolis, no Pará, a 216 quilômetros de Belém, Preto Michel migrou para a capital paraense aos 4 anos. A inspiração para suas obras também mescla a cultura periférica, como o rap. Em sua literatura, as pontes entre a Amazônia e a periferia de Belém, ambas invisibilizadas, ganham protagonismo.
O rap o impulsionou na literatura ao enxergar nas letras das músicas as questões sociais do Brasil. “O estilo musical trouxe para mim outro olhar e uma nova descoberta de mundo, com reflexão e questionamentos”, pontua.
A trajetória de Preto Michel na literatura da periferia começa em seus deslocamentos para o trabalho como educador em projetos sociais em dois bairros distintos da periferia de Belém. Ele aproveitava o tempo no ônibus para escrever seus contos.
Em um determinado projeto, o escritor conheceu um garoto que enfrentava muitas dificuldades. A história do menino o tocou profundamente e o fez escrever um conto que dava um final feliz para a criança. Foi a partir dessa escrita, que passou a criar histórias imagéticas, que também compõem sua literatura ao falar da Amazônia.
Preto sempre foi um apaixonado por histórias de visagem (assombração) e em suas viagens pelos projetos sociais no interior do Pará perguntava se as pessoas já tinham visto alguma “Matina Pereira” ou o “Boto” etc. “Tenho as nossas lendas como coisas presenciais e eu não duvido de ninguém que diz que viu essas nossas lendas”, conta.
Desde a infância, as lendas amazônicas estão presentes na vida do autor. O material acumulado ao longo do tempo, o fez direcionar suas histórias para o cotidiano periférico. No livro Assovio da Matinta Perera, Michel narra a personagem na beira de um canal urbano.
“A Matinta Perera por ser uma lenda amazônica, em uma floresta, e estar dentro de uma cidade, não consigo descrever distante da gente. Se você está dentro de um canal próximo à mata, é Amazônia”, diz Preto Michel. “As pessoas recebem com carinho e se identificam, pois as narrativas estão bem próximos de cada um, já que são narrativas periféricas amazônicas”, emenda.
ERA UMA VEZ
Preto Michel faz uma breve introdução a lendas Amazônicas
Matinta Perera: uma mulher que vira pássaro e sai à procura de tabaco em noites escuras, na mata
Mapinguari: uma criatura peluda com olhos na barriga e pernas longas. Ela vive na floresta e assusta os agressores da mata
Curupira: um homem, pode ser um jovem, de pele vermelha com pés para trás; gosta de fazer peraltices e assustar pessoas perdidas na floresta
Boto: um animal aquático que vira homem e aparece em vila próximos de rios para seduzir e encantar moças
Lobisomem: a pessoa que vira lobo após ser mordida por outro lobisomem que saiu em noite de lua cheia para saciar sua sede
Amo as lendas amazônica!
Mas infelizmente as pessoas preferem fazer apologia as lendas americanizada!