A COP 28, ocorrida em Dubai, lançou luz sobre questões cruciais que afetam diretamente nosso planeta e futuro. Contudo, as polêmicas envolvendo os Emirados Árabes Unidos, 7ª maior economia petrolífera, trouxeram à tona desafios que vão além do monitoramento do Acordo de Paris.
Os Emirados Árabes Unidos, com seu presidente da conferência ligado à empresa petrolífera Adnoc, provocaram controvérsias com declarações negacionistas sobre os impactos dos combustíveis fósseis. Acusados de priorizar acordos de petróleo em detrimento das discussões climáticas, evidenciaram um conflito de interesses que ecoa na comunidade global.
A Voz da periferia na COP – Nós, do Instituto Perifa Sustentável, marcamos presença para democratizar a pauta climática entre a população negra em comunidades vulneráveis. Defendemos três pontos cruciais:
- Recortes Sociais e Ambientais: A necessidade de dados e políticas ambientais que considerem raça, gênero, território e outros fatores socioeconômicos, com acesso à informação livre de discriminação.
- Combate ao Racismo Ambiental: Propomos a formulação de um Plano Nacional de Combate ao Racismo Ambiental até 2025, com participação efetiva da sociedade civil, especialmente das comunidades impactadas.
- Justiça Climática: Argumentamos pela discussão do financiamento com base nos princípios da justiça climática, buscando uma distribuição equitativa de responsabilidades entre os países.
Os Desafios e Avanços na COP
A efetividade das discussões requer avaliação criteriosa:
- Investimento Adequado: Líderes devem investir o montante necessário no Fundo de Perdas e Danos, assegurando a recuperação de comunidades afetadas por desastres climáticos.
- Eliminação Progressiva dos Combustíveis Fósseis: É crucial um consenso sobre a eliminação gradual, totalmente financiada, dos combustíveis fósseis para permitir transições verdes e justas.
- Comprometimento com Minorias: Acordos reconhecendo a priorização de mulheres, comunidades negras, povos indígenas, quilombolas e periféricos na resposta emergencial precisam ser firmados.
A filantropia comunitária como solução – A discussão sobre financiamento climático não deve se limitar aos acordos entre países. O apoio às comunidades que desenvolvem soluções de adaptação climática, como demonstrado pelo projeto Clima de Quebrada, é essencial. A crise climática afeta de forma desproporcional mulheres negras, quilombolas e indígenas, tornando imperativo um compromisso ambicioso.
A Controvérsia em torno do governo Lula e o Prêmio Fóssil do Dia – A postura ambígua do presidente Lula, anunciando a adesão do Brasil à OPEP+, gerou debates e críticas. Essa decisão foi laureada com o Anti Prêmio Fóssil do Dia, destacando a necessidade de maior ambição climática.
Defendemos que ativistas negras devem ocupar espaços como a COP, buscando influenciar tomadores de decisão. Após o evento, é imperativo retornar às nossas comunidades com o propósito de transformar realidades locais.
A COP 28 é um chamado à ação global, mas sua eficácia só será alcançada com a inclusão de vozes da periferia, garantindo que as soluções climáticas considerem a diversidade de experiências e desafios enfrentados por comunidades marginalizadas.
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