Nesta seção, a comunidade do Expresso na Perifa conta o que tem visto, lido e escutado por aí, fazendo sugestões de rolês
A revolução dos feios – 5ª edição, de Nivaldo Brito | Ed. Selin Trovoar
É um daqueles livros que se lê rapidamente, com várias histórias que misturam poesia, humor e outras coisas, numa cadência de palavras que não deixam a leitura chata, nem linear. ‘Amor nos tempos do fora’, com título que faz referência à obra ‘O amor no tempo do cólera’, do escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez, fala de amor, sendo quase uma definição nada habitual do que é esta emoção ou sentimento. ‘Sobre o chão do mar’, o escritor fala sobre os saraus, movimento de literatura muito pulsante nas periferias de São Paulo, algo que se faz no coletivo e se celebra no coletivo, como o próprio livro.
Vozes afro-atlânticas, de Rafael Domingos Oliveira | Ed. Elefante
Antes de tudo, a obra é histórica, de não ficção. O autor escreveu o livro com base em pesquisas de autobiografias escritas entre 1770 e 1890 por pessoas negras que foram escravizadas. As análises conduzem o leitor numa viagem pela história e cultura da América do Norte, destacando as vozes, muitas vezes silenciadas e marginalizadas dos afrodescendentes. Rafael traça paralelos entre as experiências compartilhadas por pessoas de ascendência africana ao redor do Atlântico, desde os tempos coloniais até os dias atuais. É um livro muito bom para quem se interessa em compreender as diversas colaborações das pessoas negras escravizadas, e além disso, entender quais são suas próprias visões de mundo.
Pelourinho, de Tierno Monénembo | Ed. Nós
Uma história da África no Brasil. Assim pode ser definido o livro que se passa no Pelourinho, centro de Salvador, na Bahia. Lendo, não há como não gostar de Innocencio e Leda-pálpebras-de-coruja, dois moradores do bairro que conversam e interagem com o narrador da história, que é um escritor africano que chega ao Brasil em busca de alguns primos que se perderam com o tráfico de pessoas da escravidão. O romance é descontraído, apesar da história pesada.
Devir quilombola, Mariléa de Almeida | Ed. Elefante
Para muita gente, os quilombolas são pessoas do passado, que talvez vivam fora da realidade e não acompanham o ritmo dos dias, nem as mudanças na humanidade, já que descendem e preservam o legado das pessoas escravizadas no Brasil, mas este livro prova ao contrário: a autora coloca as mulheres quilombolas no centro das discussões políticas e sociais do país e mostra como estas pessoas se conectam com a política, pensam as tradições e refletem sobre o futuro. Para quem nunca pisou em um quilombo, a obra é uma ótima introdução.
Mundo real, de Brandon Taylor | Ed. Fósforo
Wallace perdeu o pai há alguns dias. Logo depois vai estudar em uma universidade, com uma bolsa de estudos. No fim de semana em que sabemos sobre a vida dele, as situações se desenrolam em traumas, tensões e dramas que, ao mesmo tempo, fazem refletir sobre o que é a vida, intenções de futuro e a sensibilidade com que temos de lidar com algumas situações. Um livro que, apesar de contar uma história, também é universal, pois fala de questões que nenhuma pessoa consegue escapar durante a vida. É muito bonito.