Nesta seção, a comunidade do Expresso na Perifa conta o que tem visto, lido e escutado por aí, fazendo sugestões de rolês
MÚSICA DE SERGIPE
De Aracaju, capital de Sergipe, a novidade musical é Oduma. A artista lançou ‘Ifé’, seu novo trabalho, há algumas semanas. A definição da própria artista pode resumir o afeto da produção e da execução artística. “Esse álbum tem cheiro de água, doce ou salgada. Parece um dia de sol que termina nublado bem na hora de voltar pra casa . Ele tem gosto de comida improvisada pros amigos em casa com beijinho de “hummm que gostoso” ele parece desesperadamente apaixonado, e ele é, ele só não sabe exatamente pelo quê”. Em iorubá, Ifé se traduz como amor, e o “i” é a expressão do meu. Amor meu. Por aqui, ‘Passatempo’ foi uma das mais legais do disco.
CORTEJO DO AFOXÉ EM SP
Ao som do Ijexá, ritmo consagrado para diversos orixás, dentre eles Oxum e Oxalá, o Afoxé Ọmọdé Ọba (Crianças do Rei) sai desde 2019 em cortejo pelas ruas das periferias da cidade de São Paulo, cantando, tocando e dançando memórias ancestrais negras de terreiros, rememorando as tradições dos Afoxés.
Neste fim de semana, em cortejo, o grupo homenageia personalidades negras de diferentes áreas da cultura brasileira, entre elas, o ator e sambista Aílton Graça, a escritora e poeta Tula Pilar, o músico, capoeirista Mestre Môa do Katendê e Mestra da dança e professora Renata Kabilaewatala.
CORTEJO DO AFOXÉ ỌMỌDÉ ỌBA | 1h | Livre | Gratuito – Dias e horários: 21.10 às 19h | 22.10 às 16h | Casa de Cultura Chico Science | Rua Abagiba, 20, Av. Pres. Tancredo Neves, 1265 – Vila Moinho Velho, São Paulo
POESIAS PÓS-PARTO, DE PRISCILA OBACI | ED. ORALITURAS
A autora é uma das fundadoras da Capulanas, uma companhia formada por mulheres negras que produzem a partir de suas experiências. Pessoalmente, Priscila também usou de sua vivência como mulher, moradora da periferia, e mãe para escrever a obra, composto por 40 poemas que servem sobretudo para mães que precisam de uma rede de apoio, uma leitura que possa abraçar em alguns momentos. ‘Deusa de mim mesma’ e ‘Mantra da sociedade’ são dois textos imperdíveis.
NÃO PODEMOS ESPERAR, DE ISRAEL NETO | ED. NUA
Israel é, hoje, um dos principais autores quando o assunto é escrita afro-futurista, nada mais que “as criações artísticas que, por meio da ficção científica, inventam outros futuros para as populações negras”, na definição da Academia Brasileira de Letras. No livro, a história no foco é de uma manifestação contra os séculos de racismo, mas que, do nada, muda de direção por conta de uma outra tragédia. O livro viaja pelo tempo e pelo espaço, com pé na realidade.