Evento foi acusado de racismo e Ministério Público vai investigar o caso; em nota, prefeitura nega ‘ofensa aos negros’
Com reportagem de João Ker, O Estado de S. Paulo
Um desfile cívico realizado no último domingo, 18 de setembro, em Piraí do Sul, a cerca de 180 quilômetros de Curitiba, foi acusado de racismo ao vestir crianças pretas e pardas com correntes e trapos em alusão ao período escravocrata do Brasil. O evento foi em comemoração ao bicentenário da Independência.
Nos vídeos, que foram publicados nas redes sociais oficiais da prefeitura de Piraí do Sul e depois apagados, é possível ver as “alas” da história do Brasil. No carro alegórico que representa a família real portuguesa, crianças brancas são vistas com espadas, vestidos e trajes característicos da época.
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Logo depois, uma lancha simbolizando as caravelas passa carregando um menino caracterizado como Pedro Álvares Cabral, de luneta em mãos e a cruz vermelha de Portugal balançando o fundo. Andando no chão, um grupo de crianças pretas e pardas é visto com roupas que parecem trapos e correntes falsas, simbolizando o período escravocrata. A ala foi intercalada por bandeiras do Brasil e placas com os dizeres “Pátria Amada” e “Justiça” nas cores verde e amarelo.
O desfile cívico de Piraí do Sul foi encerrado com uma "motociata", um "tratoraço" e uma carreata; maioria dos veículos levava bandeiras do Brasil.
Em nota, a prefeitura de Piraí disse que o objetivo do evento era “resgatar valores como civismo e desenvolver o sentimento de pertença em toda a população piraiense” e que a escola municipal responsável pela caracterização “possui autonomia de manifestação”. “O Município entende que em momento algum o ato ficou caracterizado como ofensa aos negros nem se destinou a qualquer desrespeito à dignidade da pessoa humana”, diz o texto.
A prefeitura ainda disse considerar “o contexto, tanto do momento do desfile quanto das ações cotidianas da escola”, e repudiar “qualquer menção ao racismo ou outra forma de preconceito”. O Ministério Público do Paraná, entretanto, afirmou que investigará o caso em sigilo, por se tratar de pessoas menores de idade.
Como é que os pais dessas crianças permitiram esse absurdo?
Então não existiu escravidão Denise ?
Como essa ideia de colocar crianças acorrentadas vai contribuir para o resgate dos valores de uma cidade??
A não ser que os valores dessa cidade passem pela celebração da escravização de outros seres humanos.
Fico imaginando qual foi o sentimento dessas crianças ao ver qual o papel dado à elas nessa celebração dos valores cívicos. O Brasil é fruto da escravização de pessoas negras e deveria sentir vergonha disso, não o orgulho que essa cidade demonstra sentir.
Denise, lembrar para não cometer o mesmo erro.
Não vejo problema nisso, aí mesmo em Piraí do Sul no final dos anos 60 e começo dos anos 70, eu mesmo desfilei vestido de índio e meus amigos pretos desfilaram de escravos, para rememorar a história de um BRASIL colonial e escravocrata.
Ou temos que esconder esta parte da história? Fingir que nunca existiu. Parabéns aos organizadores, com certeza são professores (as) de escolas públicas daí (onde eu estudei).
Ah, mais um detalhe: em desfile de carnaval de escola de samba pode , desfile cívico não. Onde está o problema???