Ei, psiu! Você tem alguma dívida? Faz parte dos mais de 63 milhões de brasileiros com contas em atraso? Se sim, fica aqui comigo. Se não, faço o mesmo convite. Afinal, talvez você esteja em uma dessas situações sem saber.
Minha ambição é grande: quero te ajudar a organizar sua vida financeira. Mas antes é preciso entender dois conceitos: dívida e inadimplência. Eles não são a mesma coisa. Feito isso, vamos avançar para o passo a passo propriamente dito.
Dívida é tudo aquilo que você comprou e ainda não pagou — Parece óbvio, mas não é. Vamos supor que você comprou uma geladeira com seu cartão de crédito e parcelou em 12 vezes sem juros. Enquanto você não pagar todas as 12 parcelas você tem uma dívida. A geladeira já é sua, assim como a dívida — que só acaba depois de pagar todas as parcelas.
Mas e se você tivesse comprado um pastel com caldo de cana e pagado com o cartão de crédito sem parcelar? Isso também é uma dívida, porque a compra foi feita com o dinheiro do banco. Pagando ou não a fatura, o comerciante recebe da mesma forma. A lógica é: você compra, o banco paga e depois você paga o banco.
Não é à toa que meus dois primeiros exemplos foram com cartão de crédito. 74% da população brasileira está endividada e dívidas com bancos e cartão de crédito são responsáveis por 28,7% das dívidas totais. Além disso, os juros de cartão de crédito são os mais altos do mercado.
O cartão de crédito é como se fosse um empréstimo do banco para você com uma data de pagamento já pré estabelecida: a data de vencimento da sua fatura. Enquanto você tiver algo a pagar, você tem uma dívida. Seja no cartão de crédito, um empréstimo que você pegou, um financiamento, um cheque especial, aqueles R$ 5 que seu amigo te emprestou ou aquele leite que comprou fiado na mercearia da esquina.
Todos esses exemplos são exemplos de dívidas, mas não necessariamente de inadimplência.
Inadimplência é quando você deixa de pagar a dívida na data combinada — Você fica inadimplente depois que não paga a fatura do cartão; o cheque especial; a parcela do empréstimo etc.. Estar endividado é mais comum do que pensamos e pode ser o início de uma bola de neve, mas o perigo mesmo está na inadimplência.
As multas e os juros praticados pelo mercado financeiro no Brasil são dos mais altos do mundo. O Brasil tem uma taxa anual média de rotativo de cartão de crédito de 237,9%, enquanto na Argentina, que é o segundo país com maior taxa na América Latina, é de 50%. Isso significa que se você deixar de pagar uma fatura de R$ 1 mil em janeiro, em janeiro do ano seguinte você deverá, em média, R$ 3.379, que é mais de três vezes o valor inicial. Já se a taxa fosse como a taxa da Argentina (50%), por exemplo, você estaria devendo R$ 1,5 mil. Pensa só no tanto de coisa que poderia fazer com a diferença de R$ 2.379 entre o valor final da dívida (R$ 3.379) e o valor inicial (R$ 1 mil)!
Última questão super importante: a dívida pode caducar? — Desde que eu era criança, escuto por aí que a “dívida caduca”, que bastava esperar cinco anos que ela magicamente deixaria de existir. Imagino que você já deve ter escutado isso por aí também. Será que é verdade?
Não é bem assim. O que acontece é que após 5 anos você não poderá mais ser cobrado judicialmente pela dívida e seu nome não fica sujo mais no mercado, porém ela não deixa de existir! Você continua devendo aquilo que não foi pago. Além disso, ficar com o nome sujo por 5 anos diminui suas oportunidades e acesso a outros créditos durante este período. Então recomendo ao máximo tentar fugir dessa situação e não contar com este mito.
Agora que já colocamos os pingos nos “is”, podemos ir ao passo a passo. Clique aqui.
VEJA TAMBÉM
- Educação financeira pode e deve ser para todos
- Preto e dinheiro não são palavras rivais, diz economista