Após dias de bastante calor, os habitantes das regiões Sul e Sudeste começaram a semana com tempo frio e chuvas em algumas localidades. Na capital paulista, os termômetros chegaram a marcar 30ºC no sábado, 10 de setembro. No domingo, 11, as temperaturas caíram de forma abrupta, atingindo os 12ºC. De acordo com a Climatempo, os próximos dias também serão uma “gangorra” térmica no Estado de São Paulo.
PREJUÍZOS À SAÚDE
• queda da imunidade
• doenças respiratórias (alergias e infecções; gripes e resfriados)
• problemas cardiovasculares (aumento do risco de infarte)
• crises de hipertensão
• problemas renais
• ressecamento da pele por causa do frio e da baixa umidade aumenta o risco de feridas e infecções
As variações bruscas trazem vários impactos para a saúde, do ressecamento da pele ao aumento do risco de enfarte, passando pelas alergias e infecções respiratórias. “O inverno é um período seco na maior parte do Brasil, o que leva à possibilidade de inúmeros processos inflamatórios das vias respiratórias superiores e inferiores, como a rinite e a bronquite. Essas inflamações podem levar a infecções bacterianas como sinusite, amigdalite e pneumonia”, explica Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
O frio também favorece a queda da imunidade, o que aumenta a incidência de doenças como gripes e resfriados. A diminuição das defesas do organismo ocorre porque, com o corpo se esforçando para regular e manter a temperatura adequada em meio às mudanças climáticas, ele diminui o suprimento de energia destinado ao sistema imune e à produção das células de defesa.
Embora seja comum ouvir, por exemplo, que tomar vitamina C ou comer determinados alimentos afasta as chances de pegar gripe, não existe uma solução instantânea para se proteger e evitar as doenças que se aproveitam da baixa das defesas do corpo. “A imunidade é fruto de um conjunto de ações de estilo de vida adequado. É lógico que em situações em que você está com hipovitaminose (falta de uma ou mais vitaminas no corpo), precisa repor. É importante checar se os níveis de vitaminas estão adequados, mas a reposição sem que haja diagnóstico não está indicada”, alerta Naime Barbosa, também professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Isso não significa que não se pode fazer nada para prevenir os impactos das variações bruscas de temperatura sobre a imunidade. Manter o corpo hidratado, alimentação balanceada com a ingestão adequada de proteínas e cuidar da qualidade do sono são algumas das medidas indicadas pelo especialista. Além disso, é importante evitar o estresse, que pode ser físico, causado, por exemplo, por exercícios em excesso, ou psíquico. “Atividade física regular na intensidade que o seu corpo permite é fundamental”, pontua Barbosa.
RECOMENDAÇÕES MÉDICAS
• monitorar o consumo de água e garantir boa hidratação
• reforçar a hidratação da pele com óleos e cremes
• alimentar-se de forma balanceada
• ter sono de qualidade
• evitar o estresse (físico e psíquico)
• praticar atividade física regular
• manter o corpo em equilíbrio térmico
PROBLEMAS CARDIOVASCULARES E RENAIS, CRISE HIPERTENSIIVA, DESIDRATAÇÃO...
Os sistemas respiratório e imunológico não são os únicos a sofrer com a oscilação térmica. Para controlar a temperatura corporal, o organismo contrai e dilata os vasos sanguíneos de acordo com as condições climáticas. Se nos dias quentes a vasodilatação provoca a perda do calor para o exterior, no frio a vasoconstrição tenta mantê-lo, o que deixa os vasos sanguíneos mais estreitos e aumenta a pressão sanguínea.
Segundo Caroline Reigada, médica nefrologista e especializada em medicina intensiva, esse cenário favorece problemas cardiovasculares e crises hipertensivas. "Nesse processo, pode ocorrer a constrição das artérias que irrigam o coração. A cada 10% de queda na temperatura, aumenta em 7% a chance de você ter enfarte, e ainda mais para quem já teve um (ataque cardíaco) previamente ou tem fatores de risco relacionados, como diabete, hipertensão e tabagismo", afirma.
As altas amplitudes térmicas também podem prejudicar a saúde dos rins e provocar desidratação, já que frequentemente impactam na ingestão diária de água. "Quando estamos em uma onda de frio e de repente vem uma onda de calor, muitas vezes não percebemos que isso reduz nossa capacidade de tomar água", diz Caroline.
Para combater esses riscos, a médica lista ações como manter-se sempre aquecido, para diminuir a ação compensatória do organismo no esforço para driblar o frio e manter o corpo em equilíbrio térmico, e monitorar o consumo de água.
Cuidados com a pele — A ingestão de água é fundamental para a hidratação de todas as partes do corpo e, na pele, ela pode contar com a ajuda extra de loções e óleos hidratantes. Cláudia Merlo, médica especializada em Cosmetologia, explica que as variações climáticas muitas vezes confundem sobre os cuidados necessários com o maior órgão do corpo humano.
Mais do que o frio, ela considera que a queda de umidade é o que mais impacta na saúde da pele, que, quando fica mais seca, tende a coçar mais e agravar alergias e doenças inflamatórias, como a rosácea. Para todos os casos, a recomendação da especialista é investir na hidratação. Ela ressalta que a dica vale também para quem tem pele oleosa e tem receio de que os hidratantes possam piorar a condição. Com a pele mais ressecada, aumentam as chances de aparecerem feridas, que podem levar a lesões e o desenvolvimento de quadros mais graves. O cuidado, segundo Cláudia, deve ser intensificado com pés e pernas e em idosos.