9 março 2023 em Urbanismo

Com apoio de curadores, Expresso Bairros montou um guia de arte de rua para você

Basta olhar para os lados ou inclinar um pouco o pescoço para cima. Quem anda pelas ruas de São Paulo “tropeça” em grafites de altíssimo nível que contam um pouco da história da cidade. Com o apoio de um time de especialistas formado pelo curador independente Danilo Oliveira; da idealizadora da Aborda e diretora do Circuito Urbano de Arte e da Inarte Urbana, Carolina Herszenhut; do curador responsável pelo Instagrafite, Marcelo Pimentel; do curador da Galeria Alma da Rua, no Beco do Batman, Tito Bertolucci, e do curador independente Felipe Yung, selecionamos nove obras na região central que merecem muito ser apreciadas. Aprecie:

 

“Buraco da Paulista”, de Rui Amaral

Grafites em São Paulo

Crédito: L. Santana/Estadão Expresso Bairros

 

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Rui Amaral faz parte da primeira geração de grafiteiros de São Paulo. Amigo de Vallauri, um dos pioneiros no grafite na cidade, em 1989 ele produziu o “Buraco da Paulista”, na interligação das avenidas Doutor Arnaldo e Paulista. Constantemente retocada, a obra é uma das mais antigas da cidade. 

 

Mural da 23 de maio, de Osgemeos

Grafites em São Paulo

Crédito: Hélvio Romero/Estadão

 

Gustavo e Otávio Pandolfo, Osgemeos, estão entre os artistas de rua brasileiros mais conhecidos no mundo. A dupla assina ao lado de Nina Pandolfo, Nunca, Finok e Zefix um dos primeiros grandes murais da cidade: com 680 metros, o painel pode ser visto por quem passa pelo viaduto Júlio de Mesquita Filho e também pela alça de acesso à avenida 23 de Maio, no elevado João Goulart, na Bela Vista, região central. 

 

“Brigadista da Floresta”, de Mundano

Crédito: L. Santana/Estadão Expresso Bairros

 

A preservação do meio ambiente é uma das temáticas do trabalho de Mundano. Com mil metros quadrados, Brigadista da Floresta foi inspirada em O Lavrador de Café, de Cândido Portinari, e elaborada com cinzas de queimadas da floresta Amazônica, do cerrado, da Mata Atlântica e do Pantanal. Ele misturou o pó com água e verniz para dar ao painel diferentes tons de cinza à obra, que ganhou o prêmio “Arte de Rua”, em 2021.  A empena fica na lateral do número 108 da Rua Capitão Mor Jerônimo Leitão e pode ser vista da passarela da Avenida Prestes Maia.

 

“Eu Resisto”, de Mag Magrela

Crédito: L. Santana/Estadão Expresso Bairros

 

Após estudar arte com Rui Amaral, Mag Magrela começou a pintar nas ruas da zona oeste, há 15 anos, com amigos que a convidaram para participar dos coletivos de grafite. Em 2020, ela foi convidada a integrar a exposição Tarsila Inspira, no Masp, que levou cinco releituras das obras de Tarsila do Amaral à avenida Brigadeiro Luís Antônio. Foi o primeiro grande projeto conduzido só por mulheres grafiteiras na cidade. Ela assina a obra Eu Resisto, que fica na lateral do número 54 da avenida.

 

Releitura de “Festa na Casa da Rainha do Frango assado”, de Ozi

Grafites em São Paulo

Crédito: L. Santana/Estadão Expresso Bairros

 

Dos 65 anos de vida, Ozi dedicou 37 ao grafite. Uma das suas obras mais conhecidas está próxima à esquina da avenida Duque de Caxias com a praça Princesa Isabel. Lá, ele recriou a Festa na Casa da Rainha do Frango Assado, como uma homenagem a Alex Vallauri, amigo que o ensinou a usar o estêncil. Os dois eram vistos sempre juntos, pintando nas ruas com amigos, ainda durante a ditadura militar. Logo, eram rotulados como “gangue de subversivos”. “O grafite era uma prática completamente marginal, clandestina e criminosa”, diz Ozi. 

 

“Mural da Luz”, de Daniel Melim

Crédito: L. Santana/Estadão Expresso Bairros

 

O Mural da Luz, do grafiteiro Daniel Melim, ocupa a lateral do prédio localizado na Rua Brigadeiro Tobias, 787, na região central. Inspirada na Pop Art, a obra tem 30 metros de altura por 25 de largura. O local escolhido é bastante movimentado. O grafite pode ser visto por pedestres rumo à Estação da Luz e por quem passa de carro, tanto pelo Brigadeiro Tobias, como pela avenida Prestes Maia. A técnica utilizada foi o estêncil e a obra está no local desde 2011.

 

“Na Terra Está a Nossa Ancestralidade”, de Soberana Ziza

grafites de são paulo

Crédito: L. Santana/Estadão Expresso Bairros

 

Com dezenas de grafites por São Paulo, Ziza foi a primeira artista periférica a ter uma arte que pode ser vista do Parque Minhocão, com a empena Na Terra Está a Nossa Ancestralidade, de 2021. A obra, feita em um prédio na avenida São João, 2044, homenageia os negros fundadores do bairro da Liberdade e relembra o episódio de 2018, quando uma equipe de arqueológos encontrou ossadas do século 18 no local. “Sou uma mulher negra e periférica. O grafite me conecta com minhas subjetividades e me deu a oportunidade de conhecer outras culturas e países”, diz.

 

“Mural João Gilberto”, de Speto

grafites de são paulo

Crédito: L. Santana/Estadão Expresso Bairros

 

Autodidata, Speto começou a grafitar aos 14 anos. A obra do artista tem como referência xilogravuras nordestinas. Uma delas é o “Mural João Gilberto”, pintado em 2020, em homenagem ao cantor. Ela está na avenida Senador Queirós, 667, e faz parte do Museu de Arte de Rua (MAR).

 

“O Homem Urbano”, de Tec Fase

Crédito: L. Santana/Estadão Expresso Bairros

 

Assinado por Tec Fase, com 64 metros de altura, O Homem Urbano é um mural que se destaca no Minhocão. A obra foi pintada originalmente em 2015 e restaurada em 2021. Tec Fase é o nome artístico do argentino Leandro Weisbord. Seu estilo é influenciado pelos logotipos e personagens de histórias em quadrinhos, resultando em um trabalho reconhecido internacionalmente. O artista participou da exposição “Dedentroedefora”, realizada no Masp em 2011.