23 junho 2023 em Cultura
Slam Interescolar chega à nona edição com 333 unidades do Estado, sendo 92 da rede municipal de SP
Das ruas para as escolas. Das escolas para as ruas. É esse o intercâmbio que o Slam Interescolar propõe e reforça a cada grito antes de os competidores, estudantes de 11 a 17 anos, recitarem suas poesias. O projeto não para de crescer e chega à sua 9ª edição este ano com 333 escolas do estado, entre municipais, estaduais e particulares.
Com objetivo de levar as batalhas de poesia falada ao ambiente escolar, o projeto, promovido pelo coletivo Slam da Guilhermina, alcança todas as regiões da capital: nesta edição são 223 colégios, sendo 92 da rede municipal. Desses, a maior parte é da zona leste (55). Depois vêm zona sul (19); zona norte (14) e zona oeste (4).
Atualmente, o projeto está na fase do Ciclo Formativo, quando 13 poetas formadores vão às escolas para palestras e oficinas sobre o slam. Em março e abril, as escolas se inscrevem. De junho a agosto, entram no ciclo formativo. Por fim, ocorrem as seletivas online em outubro e a final em novembro. Para competir, as unidades são divididas entre ensino fundamental 2 e ensino médio.
Segundo o slammaster, poeta e um dos idealizadores do projeto, Emerson Alcade, o Slam Interescolar envolve toda a comunidade escolar. Os professores passam por workshop para poderem propagar aos alunos. Todas as escolas podem se inscrever. Há apenas uma regra: a unidade precisa promover um slam interno para seus alunos.
E é justamente nesta fase que está a Emef Professor Rivadavia Marques Júnior, no bairro São Mateus, na zona leste. No dia 29 de junho a escola se reúne para o seu slam interno. Segundo Dhiancarlo Miranda, professor orientador da sala de leitura, o slam já tem uma tradição de nove anos na EMEF e de oito anos no Slam Interescolar. “No início, tínhamos por volta de 7 a 8 alunos que se empolgavam. Hoje praticamente todos da escola participam”, diz Miranda.
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Histórico
Como explicou Alcade, foi pela sua participação na Copa do Mundo de Poesias, em 2014, na França, que ele teve contato com o slam nas escolas.
Decidiu, junto de Cristina Assunção, participante também do coletivo Slam da Guilhermina, importar a ideia para a realidade paulistana. A iniciativa que começou com os slammers – nome dado aos poetas que participam de slams – indo às escolas de São Paulo para levar a poesia falada, colocou o aluno como poeta também.
“A gente (ele e Cristina) começou, cada um em sua escola, a desenvolver oficinas de slam com regularidade. Criamos o Slam Intersalas e propusemos no final de ano um protótipo da minha escola versus a dela. E assim nasce a ideia do Slam Interescolar”, relembrou Alcade.
A primeira edição, em 2015, reuniu quatro escolas. No ano seguinte, o número aumentou para 20. E não parou mais de crescer até as 333 de edição de 2023.
Marcos Vieira é um dos alunos impactados. Com apenas 15 anos, ele já escreveu dois livros de poesias, participou de alguns slams e foi o segundo colocado no edição interescolar de 2021.
“Interessei-me por ser uma forma de poesia que eu não conhecia. Quando vi que se encaixava com a minha realidade, que parecia que estavam falando comigo, gostei muito. Tem um gosto de evolução quando o pessoal da periferia tem essa voz é uma imensa revolução”, diz Vieira.