17 novembro 2025 em Meio Ambiente
Parque mais antigo da cidade terá intervenções de acessibilidade, novos acessos, renovação do parquinho e preservação das áreas tombadas
Um dos espaços mais frequentados da capital, com cerca de 2 milhões de visitantes por ano, o Jardim da Luz passará por obras de restauro e requalificação conduzidas pela administração municipal. O projeto prevê melhorias de acessibilidade, criação de novas entradas, reforma do parquinho e intervenções específicas em áreas tombadas, preservando o patrimônio histórico e ampliando a qualidade de uso do parque.
Inaugurado em 1825 como horto botânico, quando a cidade tinha cerca de 20 mil habitantes, o Jardim da Luz foi o primeiro espaço dedicado ao lazer público de São Paulo. Consolidado como um dos principais pontos de interesse do centro, recebe aproximadamente 2 milhões de visitantes por ano. Em 2025, acumula 1,5 milhão de visitas até outubro, ocupando a sexta posição entre os parques mais movimentados.
A área tem 76.885 metros quadrados, com alamedas antigas, espelhos d’água, esculturas, áreas sombreadas e ambientes que criam uma rara sensação de silêncio em meio ao trânsito, ao trem e ao fluxo intenso do Bom Retiro. Entre as espécies vegetais, destaca-se a Agathis robusta, mais velha que o próprio parque, com cerca de 40 metros de altura e mais de dois séculos de existência.
História
A trajetória do Jardim da Luz reúne momentos decisivos da formação da cidade. Já foi horto científico, jardim público, laboratório de espécies exóticas, cenário da primeira exibição de luz elétrica em São Paulo, em 1883, e local da visita do imperador Dom Pedro II em 1846. Também abrigou o primeiro observatório meteorológico da capital, instalado na torre de 20 metros conhecida como Canudo do Dr. João Teodoro.
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Quero receber!Ao longo do século 20, o parque passou por períodos de desgaste relacionados à crise do café, a reformas urbanas e à falta de manutenção, seguidos por fases de recuperação. A restauração iniciada em 1999 revitalizou estruturas como a gruta, os coretos, o sistema hidráulico e os espelhos d’água. Nos anos 2000 e 2010, o fortalecimento das instituições culturais do entorno e ações de zeladoria contribuíram para a retomada do uso cotidiano pela população.
Manutenção
O espaço segue recebendo investimentos de manutenção. Os recursos destinados pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente passaram de 1,24 milhão de reais em 2021 para 1,58 milhão de reais em 2025, aplicados em poda, limpeza, recuperação de canteiros, conservação de equipamentos e vigilância. O parque também recebe exposições, atividades culturais e ações do terceiro setor ao longo do ano.
A flora reúne 192 espécies de árvores vasculares, incluindo andá-açu, pau-brasil, pinheiro-do-paraná e palmito-jussara, todas ameaçadas de extinção. Entre as palmeiras, gimnospermas, guatambus e alecrins-de-campinas, destaca-se o roseiral que leva ao lago.
A fauna conta com 98 espécies registradas em 2021, sendo 80 de aves, como martim-pescador-grande, socó-dorminhoco, carcará, irerê, papagaio e diversas espécies de beija-flor. A localização em área densamente urbanizada transforma o parque em ponto de descanso para aves florestais que cruzam a metrópole, entre elas o tucano-de-bico-verde. Peixes como carpas, tilápias e acarás, além de cágados-pescoço-de-cobra, compõem o ambiente aquático.
O conjunto arquitetônico inclui a Casa de Chá, os coretos, a Casa do Administrador, a gruta e mais de 30 esculturas, entre elas a Herma de Garibaldi, inaugurada em 1910 pelo escultor Emilio Gallori. O parque faz limite com a Pinacoteca do Estado e preserva um traçado que se adaptou à chegada da Estação da Luz e ao desenvolvimento das instituições culturais do entorno.