A saúde mental é um importante ponto de atenção em meio à pandemia – a ONU chegou a emitir um alerta neste mês, dizendo que a situação pode desencadear uma grande crise de problemas psicológicos, como ansiedade e depressão
No Brasil, estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) publicado no início de maio mostra que casos de ansiedade e estresse mais do que dobraram no País, enquanto os de depressão tiveram aumento de 90%
PONTOS DE ATENÇÃO
- Psicólogos e psiquiatras ouvidos pelo Estadão destacam que certos níveis de sofrimento, ansiedade e depressão são legítimos no momento que estamos vivendo.
- Em meio à pandemia, porém, o impacto à saúde mental pode ser maior do que o do coronavírus.
- O sinal de alerta está aceso entre psicólogos, psiquiatras e grupos que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade.
- A preocupação é que a saúde mental seja deixada de lado agora e se torne um problema ainda maior mais para frente.
AVALIE COMO SE SENTE
- Pergunte-se sempre: como estou me sentindo hoje? Como eu estava ontem, nos últimos dias? Algo mudou?
- É importante reconhecer quais. medos essa situação tem me despertado: de morrer, de infectar outros, de não dar conta da situação financeira, de não ter contato com as pessoas, de não poder sair para comprar drogas (no caso dos usuários).
- Com base nessas respostas, tente avaliar: tem alguma coisa que eu possa fazer a respeito nesse momento?
- Se há o que fazer, é seguro fazer?
COMO CONTROLAR A ANSIEDADE
- Há mecanismos para controlar a ansiedade, como exercícios de respiração. Isso ajuda muito, mexe na oxigenação cerebral, engana o cérebro no mecanismo de luta e fuga.
- Organize: o que dá para resolver agora e o que pode deixar para depois? Ou o que eu não dá para resolver agora e necessariamente vai ficar para depois ou quais demandas podem ser postergadas?
- Alguns testes na internet validados para sociedade brasileira permitem mensurar o nível de estresse, de ansiedade.
- Sabendo em qual nível de ansiedade está, vale fazer uma listinha mental de pessoas que pode acionar, quais serviços podem apoiar.
- Eventualmente, a pessoa não dá conta sozinha mesmo e precisa de uma atenção especializada.
- Vale buscar acolhimento inicial com os muitos grupos de ajuda que têm surgido. Se não for suficiente, é caso de procurar um atendimento profissional.
- Com a regulamentação da telepsiquiatria, é possível ajudar quem precisa de tratamento ou de medicação.
CASOS QUE PEDEM AJUDA PROFISSIONAL
Para identificar se o problema é mais sério e demanda busca por profissionais, costumamos usar o critério de funcionalidade, explica o psiquiatra Felipe Corchs, da USP
- Estou em um estado de desânimo que não faço o que preciso e não como direito?
- Isso está me paralisando?
- Está provocando reflexos no trabalho, na família ou nas minhas relações sociais?
- Se sensações desse tipo forem contínuas, e não só algo pontual de um dia ou outro, o sinal é de aleta
OUTRAS MEDIDAS PARA LIDAR COM A SITUAÇÃO
- Não se cobrar de estar bem é um bom primeiro passo
- Tente manter uma rotina e organizar um funcionamento de vida pessoal e profissional
- Atividades físicas são bem-vindas
- Manter contato por meio dos recursos virtuais com as pessoas que são afetivamente significativas para você
- Expor-se ao sol durante o dia, mesmo que seja por uma fresta de luz no apartamento
Com reportagens de Giovanna Girardi (FONTES: Felipe Ornell, psicólogo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre; Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina; Rodrigo Leite, do Instituto de Psiquiatria da USP) e Giovanna Wolf (FONTES:Felipe Corchs, psiquiatra do Programa de Transtornos de Ansiedade da USP; Mario Eduardo Pereira, psiquiatra e psicanalista da Unicamp; Elisa Zaneratto Rosa, professora de psicologia social e saúde mental da PUC-SP)
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