O que sabemos sobre prevenção, contágio e tratamento da doença causada pelo coronavírus; como enfrentar o período de quarentena sem pânico e com informação séria e de qualidade
Resumo no dia 31 de março
— Mundo: mais de 697 mil casos confirmados e 33 mil mortes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde;
— Brasil: 201 mortes e 5.717 casos confirmados em todas as unidades federativas, de acordo com o Ministério da Saúde;
— Funerárias relatam alta de 20% em São Paulo
— Como a pandemia perturba o sono e provoca pesadelos
— Twitter deleta publicações de Bolsonaro
— ‘Os mesmos que fazem carreata vão ficar em casa daqui a duas semanas’, diz Mandetta
PREFEITURA E GOVERNO DO ESTADO O prefeito Bruno Covas já havia determinado o fechamento dos estabelecimentos comerciais, que só poderão vender online ou por telefone. Supermercados, farmácias e postos de gasolina continuam funcionando. Saiba mais aqui. No dia 20 de março, a prefeitura e o governo do Estado decretaram estado de calamidade pública para enfrentar o novo coronavírus. É a primeira vez que os dois órgãos adotam essa medida na história. Serviços públicos como parques, zoológico, Poupatempo e o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) também estão fechados para atendimento presencial. Não é um gesto para citar pânico e desespero: decretar estado de calamidade pública neste caso significa, na prática, facilitar a compra de produtos e serviços, dispensando a necessidade de licitação. Na cidade, Covas já havia autorizado o confisco de bens públicos em prol do atendimento dos doentes.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1. Por que se fala tanto em coronavírus?
Trata-se de um vírus novo, para o qual nosso sistema imunológico não está preparado. O nome da doença causada pelo coronavírus é Covid-19. Não há remédio específico nem vacina.
2. Quais são os sintomas?
O principal é febre acompanhada ou não de tosse. Aperto no peito, falta de ar e dificuldade para respirar.
3. Todos vão ter o mesmo problema?
Não. Cerca de 80% dos infectados vão apresentar sintomas leves ou mesmo nenhum sintoma. Mas todos transmitem. Os casos mais graves são tratados em hospital ou UTI.
4. Devo ir direto ao hospital?
Primeiro, se possível, ligue para o seu médico. Como o Brasil tem casos de contaminação local, é importante ir até a unidade de saúde para uma avaliação quando apresentar mais de um sintomas e quem apresentou sintomas e tiver viajado até 14 dias antes ou tiver tido contato com pessoas doentes ou sob suspeita de coronavírus também precisa ir.
SINTOMAS DE COVID-19 De leves a severos •Febre: comum •Cansaço: às vezes •Tosse: comum; em geral, seca •Espirros: raro •Dores no corpo e mal-estar: às vezes •Coriza ou nariz entupido: raro •Dor de garganta: às vezes •Diarreia: raro •Dor de cabeça: às vezes •Falta de ar: às vezes Fonte: Ministério da Saúde
5. Como é a transmissão?
De pessoa a pessoa, por meio das gotículas do nariz ou da boca, que se espalham quando o paciente tosse ou espirra. Você também pode ser infectado se tocar em objetos e superfícies atingidas por essas gotículas. O vírus sobrevive em superfícies inanimadas por um período entre quatro e oito horas.
6. O vírus é transmitido pelo ar-condicionado?
Pelo duto, não. Mas a manutenção é aconselhável. É melhor deixar os ambientes arejados: janelas abertas para o ar circular de verdade.
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7. O que faço para prevenir?
• Lave as mãos e o antebraço com água e sabão por 20 segundos com frequência ou use álcool gel a 70%. Lave de novo quando fizer mais ou menos uma hora desde a última vez e toda vez que tiver contato externo (sair de casa por qualquer motivo, andar de elevador e abrir e fechar portas, por exemplo). Lave dedo por dedo, a palma, o antebraço e mantenha as unhas curtas e limpas.
• Higienize celulares e outros itens de uso frequente.
• Não compartilhe objetos de uso pessoal.
• Evite tocar em olhos, no nariz e na boca, sobretudo sem que as mãos estejam higienizadas.
• Proteja a boca e o nariz com o braço ou um lenço descartável ao espirrar ou tossir. Lave o rosto, mãos, braços e antebraços logo em seguida.
• Fique a pelo menos 1 metro de pessoas que estiverem tossindo ou espirrando.
• Evite aglomerações.
8. Devo usar máscara?
Apenas pessoas com o sintomas devem utilizar a máscara — e só uma vez. Descarte em seguida. Segundo a OMS, o uso de máscara não é necessário em casos de pessoas que não apresentam sintomas da doença — elas acumulam sujeira e a cada vez que o indivíduo as toca já são contaminadas por germes, vírus e bactérias.
9. Há risco no transporte público, em elevadores, no banco e no caixa do supermercado?
Siml Ônibus, trens e metrô entram na regra de aglomerações se estiverem cheios, com passageiros em pé etc.. Em outras circunstâncias, também tem de ter muito cuidado. Elevadores com mais de duas pessoas devem sem evitados. Botões, teclados de todo tipo (como aqueles para colocar digitais, senha e CPF), barras, assentos e vidros são tocados por muita gente e gotículas de saliva e de espirros depositam-se nas superfícies. Se não puder evitar, tente não tocar em nada e higienize as mãos com água e sabão assim que puder. Se o álcool a 70% estiver com você, use na hora. Ao chegar em casa, tome banho e lave a cabeça. Todos os dias.
10. Posso viajar de avião ou fazer cruzeiro?
Melhor não. Fique em casa. Show, teatro, cinema, jogo de futebol, festa, missa? Nem pensar. O risco aumenta em viagens longas e em ambientes de uso coletivo, como aeronaves, navios, salas de espetáculo, templos e igrejas. Todos são considerados locais de aglomeração e contato com o vírus nas várias superfícies e entre as pessoas. É por isso que eventos e programações têm sido cancelados e equipamentos culturais, como museus, fechados. Em todos esses lugares, o espirro de uma pessoa contaminada pode espalhar o vírus em muita gente. É operação dominó.
VIAGENS
A recomendação do Procon-SP é para que as aéreas não esperem ser provocadas pelos órgãos de defesa do consumidor. Elas devem tomar iniciativa, aumentar serviços de atendimento e discutir caso a caso a solução. O consumidor é a parte vulnerável na relação de consumo. O órgão orienta as empresas a não resistir juridicamente e, com bom senso, chegar a um acordo com as pessoas. Já a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) afirma que trabalha para que os fornecedores de produtos e serviços ofereçam “opções e facilidades nas remarcações ou mudanças de itinerário, sem custo, aos passageiros que não se sentirem confortáveis em viajar nesse momento. As políticas de remarcação não são padronizadas, dependem de cada fornecedor, e as agências fazem a intermediação necessária”.
EVENTOS CULTURAIS
O que devo fazer se tiver ingressos já comprados para eventos esportivos e culturais remarcados ou cancelados? Resposta: no Brasil, o Procon é o caminho. A entidade tem um regulamento que protege os direitos do consumidor. Há a possibilidade ainda de os organizadores do evento tomarem a decisão de devolver o dinheiro das entradas ou parte do valor investido, 70%, por exemplo. Ou ainda informar que os bilhetes vão valer para outra data. Não existe uma única decisão. É preciso negociar. O ideal é que as empresas procurem os clientes antes que os órgãos de defesa sejam acionados.
11. Por que idosos e doentes crônicos são considerados grupos de risco? Nos dois casos, a principal explicação é a resposta imunológica deficiente do organismo. Como ainda não existe tratamento para a doença, as células de defesa do paciente precisam trabalhar para eliminar a ameaça.
PESSOAS MAIS VELHAS
O Ministério da Saúde orienta que idosos evitem viagens e idas a cinemas, shoppings, shows e outros locais de aglomeração e circulação. Esse grupo deve vacinar-se contra a influenza e adotar medidas de prevenção igual ao resto da população, a exemplo de lavar as mãos com regularidade e usar máscara caso apresente sintomas. Alimentação saudável e hidratação podem melhorar as condições físicas do indivíduo, mas não necessariamente reforçam a imunidade contra o coronavírus. Idas ao supermercado não são recomendadas. Melhor pedir para entregar em casa ou delegar a tarefa a alguém que não esteja no grupo de risco e possa ajudar.
DOENTES CRÔNICOS
As recomendações de refúgio e de evitar circulação, por causa da imunidade, são iguais às dos idosos. Quanto maior o cuidado da pessoa que tem doença preexistente, melhor será a resposta do seu organismo. Mesmo com a doença controlada, o risco de complicações é maior do que o de uma pessoa sem nenhuma comorbidade. 12. Crianças têm maior risco? As crianças têm sido pouco afetadas pela doença, tanto em relação ao número de casos quanto em relação à gravidade. Mas reforce as ações de prevenção: muitas vezes elas são assintomáticas e isso as torna vetores de transmissão. É aconselhável, neste momento de contenção do vírus, que as crianças fiquem em casa, e não com os avós ou outros familiares e conhecidos acima dos 60 anos. Além disso, segundo a OMS, já houve mortes nessa faixa etária, e não é possível afirmar categoricamente que ela está protegida. Portanto, é importante seguir todas as medidas de prevenção, cuidar delas em casa e só levar ao hospital – onde estarão expostas ao vírus –, se manifestarem desconforto para respirar e/ou mais de um sintoma.
COMO FALAR COM AS CRIANÇAS
Elas vão ficar em casa, escutar conversas e perceber a tensão no ar causada por restrições. Se para adultos é quase palpável, elas não vão ignorar. Crianças são bem espertas. O jeito é conversar francamente e com tranquilidade, sem alimentar pânico. O tom é de conscientização e cuidado. Reforce todas as medidas de higiene e lembre de recomendar que evitem contatos próximos e compartilhamento de materiais. Conteúdos lúdicos, como ilustrações e infográficos, ajudam na comunicação.
13. E as grávidas?
Por causa de alterações no corpo, é possível que elas sejam mais suscetíveis. Mas as medidas são as mesmas indicadas para outras pessoas, além de manter contato com o obstetra.
14. Devo estocar alimentos? E remédios?
Em tempos de distanciamento social e do chamado “confinamento doméstico”, com orientação para circular o mínimo possível, é prudente ter despensa para uma semana. Quem for fazer pedidos online, tem de se programar. Os serviços estão agendando entregas com prazos bem maiores do que em situações normais. Muitas pessoas estão correndo para as lojas e comprando muita coisa – o exagero, neste momento, pode contribuir para esvaziar as prateleiras e não deixar sobrar para o próximo. A tendência é que a reposição nas lojas seja mais lenta. Seria bom, portanto, evitar o que já ocorreu em países da Ásia e da Europa e pensar coletivamente. Compre com moderação.
15. Cães e outros bichos de estimação podem pegar a doença?
Não, porque o novo coronavírus atinge apenas humanos.
16. Como é o teste para identificar o coronavírus?
Ele é feito a partir de material colhido das narinas e da garganta do paciente. O teste é oferecido pelo SUS. A rede privada também realiza o exame e os planos de saúde são obrigados a pagar por eles.
17. Há tratamento para a covid-19?
Ainda não existe medicamento ou vacina para o coronavírus. Recomendase ingestão de líquidos, analgésicos e antitérmicos. Pacientes com desconforto respiratório necessitam de internação e podem precisar de suporte em unidade de terapia Intensiva.
18. A vacina da gripe protege contra o coronavírus?
Não. A gripe é causada por um vírus diferente, o Influenza.
HIGIENE E LIMPEZA DOMÉSTICA
•O dia todo, lave as mãos e os antebraços com água e sabão, durante 20 segundos, e use álcool gel a 70%. Lave também o rosto.
•Tome banho e lave os cabelos todos os dias.
•Mantenha a casa limpa e arejada.
•Use detergente, produtos antissépticos, desinfetante, álcool a 70%, água sanitária e disciplina.
•Troque roupas de cama e banho em frequência maior.
•Limpe e lave pisos, superfícies, objetos, azulejos e espelho com antissépticos.
•Limpe e lave cozinha e banheiro diariamente.
•Não esqueça de maçanetas, puxadores de porta, interruptores, controles, chaves e chaveiros, celulares, teclados, computadores e bolsas.