O açúcar não causa diabetes, mas agrava o problema. Entenda como hábitos ruins, a exemplo de uma dieta desequilibrada, abrem caminho para o tipo 2, o mais frequente entre os diabéticos
Receber o diagnóstico de diabetes não é fácil. Por vezes, o paciente tem a sensação de que nunca mais poderá comer nada – o que é um mito. Uma saída está na distribuição de alimentos, na dieta moderada e no monitoramento da glicemia. O produto mais conhecido como o “vilão” para diabéticos é o açúcar. Mas ele é o causador da doença?
A endocrinologista Lívia Marcela, mestre em endocrinologia pela Universidade Federal de São Paulo, responde: “O açúcar, isoladamente, não pode ser apontado como causa de obesidade, diabetes ou outras doenças graves. O paciente deve ter uma dieta individual, mas com o controle da ingestão de carboidratos, sobretudo os simples”. A médica admite que avaliar a quantidade de açúcar nos alimentos é uma tarefa difícil. “Não conseguimos ver e até mesmo alimentos salgados têm uma quantidade exagerada. O consumo de açúcar não deve exceder 10% do total de calorias diárias”, diz.
Cardápio equilibrado Você sabe por que os carboidratos são os nutrientes que mais elevam a glicemia? Eles fornecem energia às células e, para isso, o organismo precisa transformá-los em açúcar. Só que os carboidratos agem como o combustível para o carro. Quem elimina esse nutriente e passa a viver de salada e bife tem dores de cabeça e sente fraqueza. Pode fazer mal se consumido em excesso, porém, quando bem dosado, melhora a saúde. Os alimentos que contêm carboidratos são os cereais (arroz, milho, aveia), as massas, os pães, os tubérculos, o açúcar e as frutas.
Possibilidade de cura
Cuidar da saúde de quem tem diabetes (e da prevenção) começa nos costumes saudáveis, diz a endocrinologista Christiane Carvão, do Centro de Estudos e Pesquisas da Mulher. “Ao contrário do que se pensa, o diabetes tipo 2, quando recém-diagnosticado, pode ser curado se a pessoa logo adquirir novos e melhores hábitos e fizer o uso correto da medicação”, explica a médica. “A principal forma de prevenção é ter uma vida saudável, moderar o estresse, evitar ganho excessivo de peso, praticar atividades físicas e manter uma alimentação de qualidade e rica em verduras, legumes e carnes magras.
Sobre o Dia Mundial do Diabetes
A data (14 de novembro) existe desde 1991. Foi criada pela Federação Internacional de Diabetes e a Organização Mundial da Saúde. O objetivo é conscientizar o mundo inteiro sobre problemas associados à doença: alta mortalidade por infartos e insuficiência cardíaca e AVC (derrame), além de complicações específicas, a exemplo
de insuficiência renal, perda da visão, alteração de sensibilidade nos membros inferiores e consequentes úlceras e
amputações.
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes
PRÉ-DIABETES TAMBÉM PREOCUPA
Tipo 1: é o quadro mais raro, em que o organismo não fabrica insulina. É uma doença autoimune e aparece na infância e na adolescência.
Tipo 2: o organismo é resistente à insulina e por isso o pâncreas trabalha dobrado. É o quadro mais comum e atinge 90% dos diabéticos.
Gestacional: é quando os hormônios da gestação dificultam a produção de insulina. As causas são as mesmas do diabetes tipo 2 e há o risco de em alguns anos essas mulheres desenvolverem a doença.
• Pré-diabetes: este estágio ainda não configura diabetes, e sim o alto risco de desenvolver a doença. É caracterizado pelo índice glicêmico em jejum entre 99 e 127.
FATORES DE RISCO PARA O TIPO 2
- Pré-diabetes
- Idade acima de 45 anos
- Histórico familiar
- Excesso de peso
- Colesterol alto
- Alimentação desequilibrada
- Sedentarismo
- Hipertensão
O AÇÚCAR OCULTO EM ALGUNS ALIMENTOS
Chocolate: ½ colher de açúcar (um quadradinho)
Biscoito amanteigado: 1 colher de açúcar (cada um)
Biscoito recheado: 1 colher de açúcar (cada um)
Ketchup: 1 colher de açúcar (cada sachê)
Iogurte: até 2 colheres de açúcar
Folhados doces: 2 e 1/2 colheres de açúcar (em média)
Petit gâteau: 7 colheres de açúcar
Refrigerantes: 7 colheres de açúcar
Com reportagem de Camila Tuchlinski, O Estado de S. Paulo