Como diz Alexandre Kalache, é preciso investir desde a juventude nos quatro pilares do envelhecimento ativo: saúde, participação, aprendizagem continuada e segurança
ENTREVISTA
LOUISSE PLOUFFE, PESQUISADORA E MEMBRO DO PROGRAMA CIDADES AMIGAS DO IDOSO, DA OMS
A canadense Louise Plouffe é pesquisadora associada do Centro Internacional de Longevidade no Canadá e preside o Comitê Ottawa Cidade Amiga do Idoso. Leia trechos de seu depoimento aos jornalistas Nicholas Shores e Teo Cury.
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CIDADES AMIGAS DO IDOSO
“No Canadá, há pelo menos mil cidades participando das iniciativas para ser mais amigas do idoso. O município investe regularmente, por exemplo, para melhorar calçadas, acessibilidade e transporte público, criar parques ‘amigos do idoso’ e oferecer exercícios nos centros comunitários de saúde para a prevenção de quedas.”
BRASIL: SERVIÇOS BÁSICOS
“É importante manter serviços básicos, como os centros de saúde primária, que atendem bem a população idosa, e também programas públicos de vacinação e de medicamentos para doenças crônicas. Retirar esses serviços poderia ter impactos fiscais negativos no longo prazo, além de aumentar o sofrimento de muitas pessoas.”
CENTRO INTERNACIONAL DE LONGEVIDADE
“Cada ILC é único. No Brasil, um dos principais objetivos é promover o desenvolvimento das cidades amigáveis e aumentar a consciência do público sobre os desafios do envelhecimento.”
BRASIL: SISTEMA DE CUIDADOS
“O Brasil tem de desenvolver um sistema de cuidados de longa permanência, incluindo cuidados domésticos e de centros-dia. O resultado virá no futuro. Idosos frágeis irão se tornar mais independentes, os cuidadores, principalmente as mulheres, poderão trabalhar fora de casa e mais empregos e inovações tecnológicas serão criados.”
ESCASSEZ DE GERIATRAS
“É um fenômeno mundial. Uma solução é reforçar a formação geriátrica no currículo básico de medicina e no treinamento de todos os profissionais de saúde. Tirando os pediatras, todos os médicos vão cuidar cada vez mais de idosos, e todos precisam ter as competências.”
BRASILEIROS NA VELHICE
“Preparar-se para envelhecer não é fazer lifting no rosto ou praticar mais ginástica na academia. Muitas pessoas focam na manutenção da saúde física, mas precisam também cultivar a mente, lidar com as mudanças na sociedade, participar nas redes sociais e abraçar desafios intelectuais. Pessoalmente, sou aposentada, mas participo nas organizações comunitárias para manter os contatos sociais, a autoestima e a estimulação cerebral. É preciso antecipar as necessidades financeiras e as possíveis limitações que podem levar a mudanças no estilo da vida, como na habitação, por exemplo. Também é preciso planejar o fim da vida, com base nas diretrizes previstas.”
OS QUATRO PILARES DO ENVELHECIMENTO ATIVO
“Como diz Alexandre Kalache [médico especializado no estudo do envelhecimento], é preciso investir desde a juventude nos quatro pilares: saúde, participação, aprendizagem continuada e segurança.”