Como prevenir? Como diagnosticar? O câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil; especialistas esclarecem dúvidas sobre a doença
Quais são os sintomas do câncer de mama?
Geralmente, o primeiro sintoma notado pelo paciente é o nódulo. Isso não significa que, necessariamente, a pessoa está com câncer. Cerca de 80% dos nódulos de mama são benignos.
Além do nódulo, outros sinais podem indicar o câncer de mama
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Retração da pele na região mamária
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Secreção de líquidos pelos mamilos
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Afundamento do mamilo
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Alteração no tamanho ou formato da mama
Quais são as causas do câncer de mama?
Um gene entra em mutação e faz com que a multiplicação das células se intensifique. Dentre os fatores que podem induzir esse processo, os hormônios estrogênio e progesterona são vilões. Os dois são necessários para o desenvolvimento do corpo e para o funcionamento do ciclo menstrual. Quando há um desequilíbrio entre os níveis de progesterona e estrogênio, várias doenças podem surgir e, entre elas, o câncer de mama. A partir do momento em que a produção de progesterona cai e a presença do estrogênio se torna maior, as células se multiplicam mais rapidamente. Essa multiplicação desenfreada pode causar o câncer.
O câncer de mama é hereditário?
Nem todo câncer de mama é hereditário. Apenas de 5% a 15% dos casos de câncer de mama têm relação com um histórico familiar. Os demais casos são esporádicos, acidentais.
Qual tipo é o tipo de câncer de mama mais perigoso?
Os tipos mais perigosos são o triplo-negativo e o HER2 positivo. São eles que têm comportamento mais agressivo, apresentam maior mortalidade e maior risco de metástase.
O câncer de mama dói?
Normalmente não.
Quem deve fazer o autoexame de mama?
Os médicos têm usado cada vez menos o termo autoexame. Preferem falar em autoconhecimento. Na prática, envolve tudo o que o antigo autoexame englobava: é preciso que as pacientes conheçam o próprio corpo, suas características, para reconhecer eventuais mudanças causadas por alguma doença. Olhar-se no espelho é fundamental.
Autoconhecimento e sinais de alerta
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Eleve e abaixe o braço, observe se há alguma mudança
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Apalpe a mama durante o banho
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Observe mudanças como: assimetria das mamas, mudança de coloração, presença de nódulos, pele enrugada, eliminação de secreção etc.
Quem precisa fazer a mamografia?
Toda mulher a partir dos 40 anos. No exame, que faz diagnóstico milimétrico, podem ser detectadas lesões ainda muito pequenas. O diagnóstico precoce é a grande vantagem da mamografia. Quase 40% dos casos de câncer de mama no Brasil ocorrem antes dos 50 anos. De 70% a 80% das mulheres que precisariam fazer mamografia não fazem.
Prevenção
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Exames em dia
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Alimentação equilibrada
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Prática regular de exercícios
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Cuidados com a saúde mental
O homem pode ter câncer de mama? Quais os sintomas?
Sim, o homem pode sim ter câncer de mama, mas é raro. Para cada cem casos, só um acomete homens. É preciso observar a presença de nódulos, a assimetria das mamas e ficar atento ao histórico familiar.
Para quem é indicada uma intervenção cirúrgica?
A cirurgia é realizada na maioria das vezes e serve, entre outras coisas, para traçar as sessões de radio e quimioterapia.
Existe alguma diferença para quem tem prótese de silicone?
Quando a prótese de silicone é implantada, a anatomia das mamas é modificada. Dessa forma, a mulher precisa conhecer esse novo corpo e, a partir daí, detectar possíveis alterações.
O uso de anticoncepcionais aumenta as chances de ter câncer de mama?
Se o anticoncepcional aumenta o risco, é pouco. Isso não o torna contraindicado para as mulheres. É preciso avaliar caso a caso. Para mulheres que têm histórico familiar de câncer de mama, é preferível usar anticoncepcionais não-hormonais, como o DIU de cobre, por exemplo.
Depressão e ansiedade causam câncer?
Ainda não é possível afirmar a relação de causa e consequência. São necessários trabalhos científicos que deem suporte à ideia. No entanto, especialistas acreditam que a depressão não é só emocional, mas também imunológica.
Com reportagem de Carla Menezes para O Estado de S.Paulo
Fontes consultadas: Carlos Alberto Ruiz, da Sociedade Brasileira de Mastologia; Fabiana Makdissi, do hospital A.C. Camargo; e Marcelo Bello, do Inca e do Hospital do Câncer