Intestino e útero estão entre os tumores mais incidentes nas brasileiras. Para dar certo, tratamento briga com o relógio
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgou estatísticas atualizadas para o Brasil. Serão 625 mil novos registros de câncer por ano de 2020 a 2022. Só entre as mulheres, devem ser confirmados 297.980 casos a cada 12 meses. Os mais incidentes – tirando o de pele não melanoma – são os de mama (29,7%), colorretal (intestino e reto, 9,2%), colo do útero (7,4%), pulmão (5,6%) e tireoide (5,4%).
Mudanças de hábito e acompanhamento médico fazem diferença
Fernando Maluf, oncologista
“Na oncologia, o protagonismo na saúde está ligado à prevenção e ao diagnóstico precoce de câncer”, afirma o oncologista Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer. Nesse sentido, mudanças de hábito e uma rotina de exames e acompanhamento médico podem fazer a diferença. A obesidade, por exemplo, figura entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de pelo menos 11 dos 19 tipos mais frequentes de câncer na população brasileira. “A adoção de um estilo de vida mais saudável, como uma dieta mais rica em vegetais, a prática regular de atividades físicas, não fumar e não consumir bebidas alcoólicas, pode auxiliar na redução de casos de mais de dez tipos da doença”, diz Maluf.
ALERTA NO MÊS DA MULHER
A propósito do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, é reforçada a campanha constante de conscientização para o autocuidado, sobretudo na prevenção de dois tipos de câncer bastante incidentes entre as brasileiras: o colorretal e o de colo de útero.
- Os tumores de intestino e reto vitimaram 9.660 mulheres em 2017 em todo o país e a doença está muito ligada ao estilo de vida e aos hábitos alimentares.
- O câncer de colo de útero é a primeira causa de morte de mulheres por câncer na região Norte e a segunda no Nordeste. “Este é um problema bastante grave de saúde pública e possui muita relação com a falta de recursos”, explica Fernando Maluf. As questões que envolvem o câncer de colo de útero vão desde os baixos índices de vacinação contra o HPV, principal causa da doença, até a necessidade de alertar para a realização de exames ginecológicos preventivos, como o Papanicolau, que podem detectar o tumor no início, quando é bem maior o índice de curabilidade.
- Uma das grandes dificuldades para o tratamento é o diagnóstico em estágios mais avançados.
DESAFIO
O Brasil deve registrar 16.590 casos de câncer de colo de útero 2020. A vacina contra a principal causa da doença – o HPV – é oferecida gratuitamente, desde 2014, no Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Ainda assim, a meta de vacinar meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos está longe de ser alcançada – especialmente no que se refere à segunda dose, essencial para garantir a eficácia do procedimento. As informações são do Inca.
SAÚDE EM DIA Os exames mais importantes para diagnóstico precoce • Papanicolau a partir do início da vida sexual ou dos 25 anos. Fazer anualmente. Depois de três resultados negativos os intervalos podem ser maiores (a critério médico). • Exame ginecológico geral. • Mamografia a partir dos 40 ou 50 anos (a depender de histórico, fatores de risco e critérios médicos). • Vacina contra HPV para meninas e meninos – o ideal é tomar antes de ter contato com o vírus. • Colonoscopia a partir dos 50 anos para prevenção do câncer de intestino. • Avaliação dermatológica para avaliar nevos (pintas e manchas), especialmente pessoas com pele mais clara. • Avaliação cardiológica