Na imensidão da capital baiana, a antes passageira Marcia conquistou a autonomia financeira trabalhando como motorista de aplicativo
A trajetória da baiana Marcia de Oliveira Gama, 53 anos e motorista há sete, é uma das muitas histórias de como dirigir por aplicativo serviu como base para uma mudança, literalmente, de vida. De acordo com ela, o trabalho lhe deu forças para passar por uma fase conturbada e, ainda, trouxe autonomia para seguir em frente.
“Eu era casada e, depois de 18 anos, meu relacionamento chegou ao fim. Me vi perdida, não sabia como recomeçar”, conta. “Tinha dificuldade para encontrar trabalho e, para piorar, tinha muitas dívidas. Foi um período difícil”, relembra.
A solução partiu de sua filha, Divina Luana: trabalhar com app de transporte. “Um dia ela me disse: minha mãe, você vai trabalhar como motorista de milhões de pessoas”, orgulha-se Marcia. Então, ela se abasteceu de coragem e resolveu aceitar o desafio.
“Claro que, no começo, tinha receio. Não sabia andar por Salvador (BA), só circulava como passageira. Me senti como um pássaro solto da gaiola ao me dar conta de que o mundo era imenso e a cidade, muito grande. Mas, enfrentei e deu certo. Garanto que foi uma das melhores coisas da minha vida”, comemora.
A motorista se recorda, com emoção, da época em que começou a ganhar dinheiro e pôde pagar os primeiros compromissos, já vencidos. “Foi muito gratificante.”
Ganhos programados — Marcia explica que o que mais a agrada é que essa área permite muitas possibilidades de adaptar sua agenda. “Isso é muito bom e que eu não conseguiria em nenhum trabalho CLT. Conseguimos cumprir nossos compromissos pessoais e, ainda assim, ganhar dinheiro”, comemora.
Ela tem como foco atual atuar em todas as campanhas feitas pela 99, empresa de tecnologia voltada à mobilidade urbana e à conveniência, as mais rentáveis, de acordo com a motorista. “Toda noite dou uma olhada nos incentivos para fazer a programação do dia seguinte. Faz muito sentido para mim e nos motiva a continuar rodando, porque os ganhos são maiores”, afirma.
Hoje, ela sabe rodar em praticamente qualquer região de Salvador. “Não escolho corrida, entendo que estamos prestando um serviço e temos essa responsabilidade de atender às pessoas. Ando pelo Pelourinho, pela Barra, Rio Vermelho, vou dos bairros nobres até a periferia. Apenas evito alguns locais conhecidos como mais perigosos em determinados horários”, explica.
Inspirando outras mulheres — Seu trabalho acabou motivando sua filha caçula, Samanta Ingrid Gama dos Anjos, 24 anos, que também passou a atuar como motorista de aplicativo. “Como já faço isso há mais tempo, pude e fiz questão de passar várias dicas para ela. Tem muita coisa que ninguém me ensinou e sempre penso que, se tivessem me orientado, teria sido mais fácil”, conta. A principal recomendação é a segurança, sempre em primeiro lugar: evitar locais inseguros, principalmente à noite.
Marcia revela que o público feminino é maioria entre as suas corridas. “As passageiras ficam felizes em ver outra mulher ao volante. E até hoje há quem se surpreenda com uma mulher dirigindo, como pode? Mas, quando chego, já percebo a alegria. Elas se sentem mais seguras e conversam mais também”, acrescenta.
A motorista também explica que os recursos de segurança disponíveis na plataforma da 99, atualmente, são muito importantes. “Hoje, com a verificação de CPF dos passageiros e outros, fica tudo mais tranquilo. Antes era mais difícil, porque essas coisas não existiam.”
Além da segurança, outra orientação importante que ela dá a quem está começando ou quer obter sucesso na profissão é manter a calma. “São muitas situações vividas e diferentes perfis de pessoas também, um entra e sai durante o dia todo no carro”, avalia. “Já vivenciei muita coisa: passageiros irritados, atrasados, que precisam chegar no destino e encontram no caminho um desvio ou acidente. Também acontece de passarmos, sem querer, do local de desembarque. Para tudo isso, sempre digo que o melhor é respirar fundo, manter a calma, a educação e o otimismo”, aconselha.