As mulheres estão tomando a dianteira de startups no País. De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Startups, em parceria com a consultoria Accenture, os homens ainda representam 74% da força de trabalho dessas empresas, mas elas não se intimidam.
Reportagem do Link, do Estadão, diz que têm crescido, por exemplo, o número de empreendedoras que tiraram suas startups do papel. De acordo com a aceleradora Ace, em 2017, o número de empresas fundadas por elas e que foram aceleradas por lá passou para 29% do total – há cinco anos, a participação feminina era de 25%.
Ainda é raro, no entanto, ver representantes do sexo feminino à frente de empresas engajadas no desenvolvimento de tecnologia ou atuando em programação – para ter uma ideia, só 18% dos graduados em Ciências da Computação no mundo são mulheres. Os dados são da ONU Mulheres.
MARCIA MONTEIRO
FUNDADORA DA STARTUP UPIK
A arquiteta paulistana Marcia Monteiro (acima), fundadora da startup Upik, lançou o serviço Arquiteto de Bolso no ano passado. Ele funciona dentro do aplicativo de mensagens instantâneas Facebook Messenger: depois de um robô virtual cadastrar o interessado, um arquiteto dá orientações sobre como reformar sua residência – a uma fração do preço geralmente cobrado no mercado. Em apenas cinco meses, a startup conseguiu fechar contratos com grandes varejistas de construção, como Leroy Merlin e C&C. A atenção do mercado ajudou Marcia a levantar R$ 350 mil para financiar sua empresa.
O lançamento do Arquiteto de Bolso encerrou um longo caminho para a Upik, que nasceu offline.
Quando abriu o negócio, em 2015, Marcia colocou um trailer na rua para atender quem estava reformando a casa. Havia demanda, mas, em um ano, só atendeu 130 pessoas. Para ampliar, participou de um programa de aceleração, migrou para o digital e abandonou o escritório móvel. O número de clientes atendidos subiu para 480.
NICOLLE STAD
PRESIDENTE DA INTI
A empresa oferece uma plataforma de venda de assinaturas e ingressos. Dos nove funcionários,
somente três são mulheres. “Todos os programadores são homens. Não cheguei a receber
nenhum currículo de mulher para os cargos de tecnologia”, afirma Nicolle Stad, presidente
da startup. Ela é formada em Administração e deixou uma carreira no varejo para fundar a Inti, que focou na área de cultura e lazer. “Nossa plataforma se parece com o site do cliente, assim é mais fácil para ele manter o engajamento e coletar dados sobre seu público”, explica a empreendedora.
Hoje, a startup gerencia o programa de parceria do Masp, do Museu de Arte do Rio, do Inhotim
e cuida até do passaporte para o torcedor do Palmeiras do Allianz Parque. “No primeiro ano, processamos R$ 10 milhões em transações e, no segundo, R$ 24 milhões. Nossa meta é bater R$
70 milhões em 2018.”
ROBERTA VASCONCELLOS
PRESIDENTE DA BEER OR COFFEE
“Em 2009, quando fui contratada pela primeira vez em uma startup, era vista como uma alienígena
pelas minhas amigas”, conta a mineira Roberta Vasconcellos (acima), cofundadora e presidente
executiva da startup Beer or Coffee. Na época, só havia mais uma mulher na empresa. Na própria
Beer or Coffee, que fundou em 2016 com o irmão Pedro, o time já destoa da média brasileira. Dos treze funcionários, sete são mulheres.
O aplicativo oferece um passe livre em 400 espaços de trabalho compartilhado (coworkings) pelo País e tem 80 mil assinantes. Para a empreendedora, ainda há vários paradigmas a serem quebrados pelas mulheres no ambiente de inovação, mas pesquisas recentes, como a do Boston Consulting Group, mostram que startups lideradas por mulheres são competitivas e até mesmo trazem resultados melhores em longo prazo.
MÁRCIA MALAQUIAS
DIRETORA DE OPERAÇOES DA ALLUAGRO
“Acho que a mulher tem uma capacidade extraordinária de inovar e de gerenciar negócios, porque
somos naturalmente multitarefa”, afirma Márcia Malaquias, diretora de operações e cofundadora
da startup Alluagro, que usa geolocalização para fazer a ponte entre donos de máquinas agrícolas e produtores rurais. Mesmo trabalhando em um ambiente tradicionalmente masculino, ela diz não sentir dificuldades por ser mulher. “Ao entrar no mercado, vi que não era tão complicado”, conta Márcia. “Ganhei a confiança dos prestadores de serviço”