Mês de março, tempo em que o Brasil discute e pensa a questão das mulheres na sociedade. Neste sentido, a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) promove uma sequência de lives para mulheres indígenas de todos os povos e biomas do Brasil com o tema “Parem com a violência contra o nosso corpo-território”.
Devido ao grande índice de violência nos territórios indígenas, as mulheres decidiram se unir em defesa do corpo território. Organizadas por biomas, elas terão a oportunidade de desabafar sobre as violências sofridas em seus territórios e ser acolhidas em suas falas de resistência. O objetivo é promover encontros de acolhimento e buscar estratégias para garantir a segurança dessas mulheres por meio de leis de proteção que levem em consideração as especificidades dos povos indígenas.
Além de cobrar justiça por casos como o de Raissa Guarani Kaiowá, de 11 anos, vítima de estupro coletivo e morta no Mato Grosso do Sul em 2021, Daiane Kaingang, de 14 anos, vítima de estupro e assassinato no Rio Grande do Sul em 2021, Maria Clara Karipuna, de 15 anos, estuprada e assassinada ao sair para comprar pão no Amapá em 2023. Ainda na cobrança por políticas públicas e ações efetivas de combate ao suicídio entre os jovens, relembramos a morte de Angelica kretã Kaingang, de 14 anos, e Tainá Kaingang, de 19 anos, em fevereiro deste ano. São casos que se repetem quando não temos segurança dos territórios demarcados.
No dia 8 de março, na primeira live, o debate foi sobre mulheres indígenas na política, a bancada do cocar e a representação das mulheres indígenas nas instâncias do governo e movimento indígena, além de comemorar os três anos da ANMIGA como organização de mulheres.
Organizadas por biomas, no dia 12 de março, as mulheres novamente se reuniram ocupando as telas e demarcando as redes em live com indígenas dos biomas Amazônia e Cerrado para debater a temática “Mulheres bioma em luta: Violência não é cultura”. E para um momento de acolhimento, quando tivemos o entendimento de que é violência de gênero não é da cultura dos nossos povos.
No decorrer do mês de março, as mulheres indígenas ainda vão falar sobre os assassinatos das jovens indígenas, sobre a criminalização das Nhandesys, mulheres Guarani de reza, sobre a saúde mental dos jovens indígenas, por Angélica Kaingang e Tainá Kaingang presentes, e ainda a respeito dos desafios, obstáculos, resistências, conquistas e vitórias das mulheres indígenas.
Falar da resistência das mulheres é de suma importância neste março. É com grande luta que nós, mulheres indígenas, estamos na luta pela defesa da mãe terra. Mesmo com nossos corpos sendo violados e violentados, somos sinônimo de representatividade na construção da política do país, mas ainda precisamos ser ouvidas, que nossas vozes passem do território para o mundo.
As lives podem ser assistidas pelo YouTube da Articulação e pelas redes sociais da Anmiga.org.
***Este conteúdo é uma coluna de opinião que representa as ideias de quem escreve, não do veículo.