Unidos venceremos: conheça 16 coworkings visitados pela reportagem do Estadão em várias regiões da cidade. Esse tipo de escritório compartilhado atualiza o conceito de sala comercial e atrai de microempreendedores individuais a gigantes da economia
LETÍCIA GINAK O ESTADO DE S. PAULO
Um local de arquitetura agradável, excelente conexão de internet, que favorece a criatividade e o networking, tem estrutura para receber e fazer reuniões, é bem localizado e não demanda esforços com manutenção e limpeza. Este é o escritório dos sonhos de muita gente. A solução que reúne tantos atributos (e happy hour!) é o coworking. De acordo com o censo realizado pelo site Coworking Brasil, o País fechou 2018 com 1.194 espaços desse tipo – e 214 mil pessoas circulando diariamente por eles. Com o objetivo de fazer uma curadoria na capital paulista, o Estadão reuniu 230 endereços no Guia do Coworking Estadão PME. No buscador, dá para filtrar por endereço, estação do metrô, se tem ou não bicicletário e sala de reunião, entre outras facilidades. Dezesseis desses destaques você conhece nas galerias abaixo, separadas por bairro.
DEZESSEISDESTAQUES DO GUIA DO COWORKING
AVENIDA PAULISTA Endereço de muitos microempreendedores individuais (MEIs) e pequenas empresas por meio dos coworkings. A concentração maior é perto da Rua da Consolação
CLUB COWORKING Colado ao metrô Consolação, tem ambiente agradável, cadeiras ergonômicas e iluminação na medida. São 20 posições compartilhadas, 36 salas privativas separadas por vidros nos quais dá para escrever, três salas de reunião e duas cabines acústicas (para ligações e teleconferências). A recepção funciona das 9h às 19h de segunda a sexta, mas clientes têm acesso 24 horas. O café é coado, gratuito e disputado – e ainda tem chope na happy hour. A diária custa R$ 59. A outra unidade fica na Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1.327. Onde: Av. Paulista, 2.028.
EUREKA Quem vai de bicicleta tem 20% de desconto e os vestiários fazem parte da estrutura. Ocupa cinco andares, dois deles fechados para empresas (como a Sympla, de 100 funcionários). Acomoda até 650 pessoas, tem 12 salas de reunião e nove cabines especiais para ligações. No terraço com vista, há um calçadão e uma ciclofaixa. A diária custa R$ 100 e o plano mensal R$850. Para os residentes, funciona 24horas. A outra unidade fica na Vila Mariana. Onde: Av. Paulista, 2.439.
GOWORK É uma das maiores redes de São Paulo e existe desde 2012. São 10 unidades, em bairros como Pinheiros, Itaim e Berrini. A Rappi, startup de entrega, é uma das residentes. Na unidade visitada (nº 2.202), são 306 posições e oito salas de reunião – cada residente tem direito a 4 horas por dia. Preços a partir de R$ 500 por mês. Na rede social Networking GO, residentes e assinantes do escritório virtual divulgam trabalhos. Onde: Av. Paulista, 2.202.
WORKPLACE Nos conjuntos 155 e 158 da Torre Norte, mantém 52 posições, entre compartilhadas e fixas, e 35 salas privativas. O valor de cada posição é de R$ 590 por mês ou R$ 70 por hora para os avulsos. Inclui armário. Os dois espaços para reunião têm TV, pontos de conexão e tomadas. Com foco na geração de negócios, rodadas de apresentação de ideias ocorrem uma vez por mês. Às quintas, tem coffee break às 16h30 para promover a integração. Onde: Av. Paulista, 1.842.
PINHEIROS No bairro-desejo que tem o metro quadrado de aluguel comercial mais caro da cidade (R$ 55,57, segundo o FipeZAP de abril) ficam dois dos principais espaços na categoria impacto social
MINDS Tem cara de casa, com copa que favorece o bate-papo informal. Uma espécie de quintal funciona para
happy hour e reuniões descontraídas. As nove salas privativas são as preferidas dos residentes. Há outras
quatro posições compartilhadas. A automação funciona e quem precisa trabalhar fora do horário da portaria (8h/20h) não fica desamparado. O valor mínimo é de R$ 500 por mês. Onde: R. Francisco Leitão, 686.
IMPACT HUB Leva a sério o sobrenome “hub”, com a promoção de eventos para gerar networking e conhecimento, e tem entre seus residentes um dos principais
fundos de investimento do setor de impacto social, o Yunos. Mas não fecha as portas para outros perfis de negócio. Há uma arquibancada no térreo e salas chamadas de alcovas, para reunião rápida ou soneca. Preços sob consulta.
Onde: R. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 433.
CIVI-CO Fica em uma pequena praça em rua sem saída e
só abriga negócios de impacto social. Nada de ritmo acelerado, pressa e urgência. A cozinha
no terraço convida a um almoço tranquilo e sem disputa por lugares. Com 150 posições (cada
uma a R$ 1.100/mês), tem quatro salas de reunião, um estúdio para fotos e vídeos, armários e auditório para 80 pessoas. Há apoio de café e água em cada andar. O estacionamento é
conveniado e a portaria funciona das 8h às 21h.
Onde: R. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 445.
YOUW Ocupa um prédio de 10 andares entre os ares de
bairro de Pinheiros e a agitação da Faria Lima. A lista é grande: 310 posições (compartilhadas, fixas, privativas), oito salas de reunião, auditório para 40
pessoas, armários, terraço, estacionamento, bicicletário e funcionamento 24 horas para os residentes. Diária de R$ 70 e planos de R$ 252 a R$ 1.050 por
mês. Onde: Av. Brigadeiro Faria Lima, 1.755.
VILA OLÍMPIA + BERRINI Os coworkings acompanham o estilo imponente da região. Com prédios inteiros e redes globais de escritórios, o ato de compartilhar pode ser com o mundo todo. Presencial ou online
CO.W Moderno e decorado com grafite, lambe-lambe e uma vaca amarela,
atende de pequenas empresas a gigantes da economia, como Carrefour e Oracle. A estrutura conta com 215 posições de trabalho ao todo, sete salas de reunião, armários, cozinha bem equipada e agradável jardim. Há também um espaço de eventos formatado em um contêiner, para 70 pessoas. O valor mínimo da posição é
de R$ 670 por mês. Mais dois endereços. Onde: R. Jaceru, 225.
SPACES Não há uma portaria impessoal, e
sim um ambiente com corrente de ar
fresco, luz natural e Artur, o cachorrinho adotado. Faz parte de uma rede
global de 400 unidades. Tem cozinha, estações de trabalho, cabines de
ligações telefônicas, cinco salas de
reunião, cinema ao ar livre, academia
e auditório. Bikes e patinetes têm
lugar e, para carros elétricos, há um
carregador. O valor da posição é de
R$ 1.099 por mês. Tem outros endereços. Onde: R. Irmã Gabriela, 51.
WEWORK As 485 unidades em 105 cidades e 28 países podem ser usadas por todos os membros – uma comunidade de 466 mil pessoas conectadas por um aplicativo. Em São Paulo, são dez endereços. Na Faria Lima, o ambiente compartilhado comporta pequenas reuniões, ligações e até massagem. São 11 andares (três salas de reunião em cada um) e capacidade para 2.051 posições. O valor da posição muda de acordo com a unidade – nesta, é de R$ 1.400 por mês. Onde: Av. Brig. Faria Lima, 4.055.
CODESIGN Uma pausa no corporativismo e um reduto para os negócios da economia criativa, principalmente os relacionados a arquitetura, design, moda e games. Fora salas de reunião e estações compartilhadas (37 ao todo e três salas privativas), tem biblioteca de amostras (tecidos, paleta de cores etc.), impressora que atende o formato A3 e um computador extra, de backup, para emergências. Recepção: 8h/19h; acesso dos residentes: 24 horas. A posição sai a R$ 800 por mês. Onde: R. Fidêncio Ramos, 100.
COWORKINGS DE NICHO Espaços especializados em dar visibilidade e oportunidade a pequenos empreendedores de moda, comida e startups. Tem até lugar grátis
LAB FASHION Empreendedores do setor de vestuário que não têm dinheiro para montar um ateliê encontram no LAB Fashion um coworking com cinco salas privativas, 22 posições a R$ 604 por mês cada uma e armários. O ateliê compartilhado (R$ 60 a diária) tem manequins, máquinas de costura e materiais básicos, como linhas, agulhas e botões. Há ainda um estúdio para a produção de fotos e um terraço para eventos. Atualmente, um cartunista divide o espaço com marcas de moda. Onde: R. Dona Antônia de Queirós, 474, sala 16, Consolação.
TRAMPOLIM STARTUP CAFÉ No térreo do hotel Ibis Budget da Consolação, os clientes encontram um café com coworking que respira empreendedorismo nas contratações dos colaboradores – em parceria com ONGs que atuam na formação de jovens para o mercado de trabalho – e no cardápio, onde prevalecem produtos de pequenos empreendedores. Nas mesas, há pequenas telas em que é possível mostrar gráficos ou planilhas. Há ainda uma cabine audiovisual, para vídeos a podcasts. Não há cobrança para usufruir do espaço. Onde: R. da Consolação, 2.303.
OFICINA DA MESA
Com forno combinado, câmara de fermentação,
freezer, geladeiras, estoque seco para farinhas, açúcar e demais ingredientes – e uma outra cozinha só de confeitaria –, o Oficina está há dois anos e meio na cidade. A partir de R$ 70 a hora, é possível fazer testes de cardápio, produzir para eventos ou usar como cozinha fixa de uma marca. Onde: R. Cayowaá, 857, Perdizes
HUB/SP Pufes coloridos, escorregador, escada estilo arena e muito vaivém neste coworking gratuito e com foco em inovação. Foi construído em um prédio do governo do Estado de São Paulo, e a empresa P1 Digital, que ganhou o processo de licitação, é a responsável pela operação do local por dois anos. Tem 110 posições de trabalho, auditório e salas de reunião, além de programa de aceleração de startups. Onde: Av. Escola Politecnica, 82, Jaguaré.
Mesmo com o crescente número de coworkings no País, o modelo de negócio ainda não mostrou a que veio quando o tema é franquear marcas. Atualmente, apenas uma das 230 unidades mapeadas pelo Estadão PME em São Paulo é associada da Associação Brasileira de Franchising (ABF), a My Place Office. Na ABF, está também a Ôshi, com franquia em Campinas e outras cidades, mas sem escritórios na capital paulista. Para a consultora e especialista em franchising Ana Vecchi, apesar do movimento tímido, as marcas de coworking são franqueáveis. “Qualquer negócio que tenha histórico de venda e de faturamento pode se tornar uma franquia. Porém, sabemos que es – se modelo requer um investimento maior e que, por isso, ele não se tornará moda, por exemplo”, diz.
O presidente da Associação Nacional de Coworking e Escritórios Virtuais (Ancev), Ernísio Dias, acredita, no entanto, que o modelo não é adequado para franquia. “Não há segredos de gestão ou tecnologia na administração de um coworking, fatores importantes no franchising. O importante é saber atender o público. As taxas de franquias são muito altas para um franqueado com espaço pequeno. E, para quem tem um local grande, não compensa ser franquia. Pode ter a própria marca.” Ana Vecchi afirma ser indispensável trabalhar o conceito da marca para que o modelo funcione no franchising. “A prática do compartilhar, o networking, a probabilidade de fazer negócios com outras pessoas contam mais do que o café de graça”, diz Ana.
My Place Office
A rede, inaugurada em 2010, abriu o modelo para franquia em 2017 e tem atualmente 12 franqueados com unidades em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis e Vila Velha. A taxa de franquia (R$ 40 mil) não inclui o valor da estrutura para montar o espaço (mínimo 60 metros quadrados), estimado em R$ 80 mil. O prazo para retorno do investimento é de 24 meses. “Oferecemos treinamento, suporte e acompanhamento para que o franqueado tenha condições de tocar o negócio sozinho após três meses, sem depender tanto da rede”, diz Daniele Lopes, gerente de novos negócios da My Place.