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HQ pensada para crianças nas periferias é premiada com Oscar dos quadrinhos

Coletivo leva troféu HQMix 2021, principal prêmio de quadrinhos do Brasil

Lucas Veloso, editor do Expresso na Perifa Por Lucas Veloso, editor do Expresso na Perifa
29 de novembro de 2021
em Ação social, Cultura e Lazer, Na Perifa
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Weslley e Ana Paula, coordenadores do projeto que tem, como carro-chefe, a HQ premiada O Inimigo Invisível. Foto: divulgação

Weslley e Ana Paula, coordenadores do projeto que tem, como carro-chefe, a HQ premiada O Inimigo Invisível. Foto: divulgação

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Trinta quilômetros ao sul do centro de São Paulo, no bairro do Grajaú, o educador social Weslley Silva ficou sensibilizado ao perceber muitas crianças e adolescentes nas ruas, praças e quadras da região. Era maio de 2020, em plena pandemia. Weslley sabia que aquela população não deveria estar fora da escola e tão vulnerável à Covid-19. Na tentativa de ajudar, ele se juntou aos demais companheiros do coletivo O Corre e criou o Livro pra Colorir, Repintar, Repensar e Recriar. Meses depois, a convite do Sesc, nasceu O Inimigo Invisível, uma história em quadrinhos.

No último sábado, dia 27 de novembro, a publicação ganhou o troféu HQMIX, na 33ª edição do prêmio considerado o Oscar de HQs no Brasil. A seleção final foi feita por uma banca do júri oficial, que trabalhou por quatro meses na análise dos inscritos nas diversas categorias. Também votaram mais de dois mil profissionais da área, entre autores e editores. Eles formam o júri nacional. O O Corre disputava os prêmios de melhor produção infantojuvenil e pandêmica.

A história dentro da história — O protagonista de O Inimigo Invisível é Jonas, um garoto da periferia que, entediado no ensino remoto, pensa no coronavírus enquanto observa a sujeira de sua borracha. O menino cria um enredo imaginário em que o vírus faz o papel de vilão e sua irmã, Joana, vive a heroína que luta no bairro para afastar o risco. O cotidiano periférico na pandemia é visto pelo olhares dos dois irmãos que, na jornada, se dão conta da importância da prevenção para cuidar de si e do coletivo.

Weslley conta que a ideia surgiu da falta de políticas pensadas para crianças e adolescentes na crise sanitária. “Crianças ficaram descobertas, não tiveram as atividades. Foi criado um sistema de atividades remotas, onde a periferia já é totalmente descoberta, sem acesso à rede móvel e à internet como um todo”, diz. Os materiais oferecidos pelas escolas não atraíram os estudantes e não mostraram o cenário de modo simples, afirma o educador. “Faltou uma linguagem voltada às crianças das periferias pensando na faixa etária. Os materiais que tinham eram com gráficos, bastante científico que afastava o interesse.”

Capa da HQ premiada feita em parceria do O Corre Coletivo e o Sesc, para distribuição na periferia. Foto: reprodução/O Corre
Capa da HQ premiada feita em parceria do O Corre Coletivo e o Sesc, para distribuição na periferia. Foto: reprodução/O Corre
A equipe do O Corre Coletivo durante as entregas em 2020. Foto: divulgação/O Corre
A equipe do O Corre Coletivo durante as entregas em 2020. Foto: divulgação/O Corre
Integrante do O Corre distribui o kit de conscientização, leitura e artes na região do Grajaú, em São Paulo. Foto: divulgação/O Corre
Integrante do O Corre distribui o kit de conscientização, leitura e artes na região do Grajaú, em São Paulo. Foto: divulgação/O Corre
Além da HQ, o grupo distribuiu máscaras de colorir, tinta guache e álcool em gel — 85% das entregas foram feitas em mãos para crianças e adolescentes nas periferias. Foto: divulgação/O Corre
Além da HQ, o grupo distribuiu máscaras de colorir, tinta guache e álcool em gel — 85% das entregas foram feitas em mãos para crianças e adolescentes nas periferias. Foto: divulgação/O Corre

O valor da conscientização — A equipe montada para o projeto envolveu artistas visuais, psicóloga e profissionais de marketing. Além da HQ, o grupo promoveu ações de conscientização e divulgação científica para essa população, como a distribuição de máscaras de colorir, tinta guache e álcool em gel em regiões como Jardim Gaivotas, Jardim Reimberg e Cocaia, periferias de São Paulo — 85% das entregas foram feitas em mãos para crianças e adolescentes nas periferias. Parceiro do projeto, o Sesc também levou o material para famílias atendidas no Mesa Brasil, rede nacional de bancos de alimentos contra a fome e o desperdício.

Nas palavras de Weslley, o retorno do projeto foi a conscientização e deu certo. “A gente atingiu o objetivo, principalmente com as crianças e adolescentes sobre a pandemia e o senso de comunidade”, comenta. “Muita gente usou o material como material pedagógico. Chegaram convites para usar a HQ física e virtual em outros estados também.”


VEJA TAMBÉM

  • Neste link, dá para saber mais sobre a HQ O Inimigo Invisível e conhecer o conteúdo em formato digital e em áudio

 

Tags: Covid-19Criançashistória em quadrinhos na periferiaHQlivros para criançasPandemiaquadrinhos
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