6 outubro 2023 em Cultura

Conheça oito artistas que você não pode deixar de ver em sua visita

Está em cartaz no Pavilhão Ciccilo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera, a 35ª edição da Bienal Internacional de Arte de São Paulo. A exposição é o principal evento das artes visuais da América Latina.

A atual edição reúne mais de mil trabalhos de 121 artistas vindos de países como Brasil, Estados Unidos, Tailândia, El Salvador, África do Sul e Espanha.

O coletivo de curadores, composto pela portuguesa Grada Kilomba, pelo espanhol Manuel Borja-Villel e pelos brasileiros Hélio Menezes e Diane Lima, realizou um feito histórico: 93% dos artistas participantes são não-brancos, ou seja, pardos ou negros. É também a primeira vez que a curadoria não tem um curador-chefe, sendo assinada pelo coletivo.

Para chegar ao título “Coreografia do Impossível”, os curadores se inspiraram no trabalho da poeta e ensaísta Leda Maria Martins, que trabalha com a ideia de um tempo em espiral. “Aqui, numa coreografia de retornos, dançar é inscrever no tempo e como tempo as temporalidades curvilíneas”, escreveu Martins no livro “Performances do tempo espiralar: poéticas do corpo-tela”.

O pensamento da autora inspirou na escolha de trabalhos que incitam não apenas o movimento, mas também novas relações de passado, presente e futuro. “Essa exposição é um ensaio. No sentido literário e no sentido do teatro, é uma ação”, explica Borja-Villel.

Siga o nosso Canal e saiba tudo sobre a cidade de São Paulo pelo Whatsapp

O boletim é semanal, às segundas, quartas e sextas.

Quero receber!

Outro marco da edição é a expografia desenhada pelo escritório de arquitetura Vão. Os arquitetos optaram por fechar o guarda-corpo do segundo andar do prédio projetado por Oscar Niemeyer com grandes paredes que circundam o vão, enfatizando o movimento das serpentinas do desenho do arquiteto.

Essa escolha faz com que o visitante acostumado a frequentar o prédio perca a sua referência do espaço, propondo uma nova vivência da área.

O Estadão Expresso São Paulo destaca oito obras que você não pode deixar de conferir em sua visita:

 

Ayrson Heráclito e Tiganá Santana

Ayrson Heráclito (Macaúbas, BA, Brasil, 1968. Vive entre Cachoeira e Salvador, BA, Brasil) e Tiganá Santana (Salvador, BA, Brasil, 1982. Vive em Salvador)

Instalação “Floresta de infinitos” de Ayrson Heráclito e Tiganá Santana – Foto: Levi Fanan/Fundação Bienal de São Paulo/Divulgação

 

“Floresta de Infinitos” da dupla de artistas é um tributo à natureza. Tiganá e Aryson levam para a Bienal uma instalação imersiva que recria uma floresta povoada de vidas materiais e imateriais. No caminho labiríntico formado de bambus, plantas, terras e projeção de espíritos protetores, o visitante é convidado a se perder e parar, contemplar e refletir sobre a importância das florestas e dos seres que habitam dentro e fora dela.


 

Diego Araújo e Laís Machado

Diego Araújo (Salvador, BA, Brasil, 1986. Vive em Salvador) e Laís Machado (Salvador, BA, Brasil, 1990. Vive em Salvador) 

Em “Sumidouro n. 2”, a dupla de artistas soteropolitanos convida o espectador para uma dança. As cortinas de palha, que vão do teto ao chão, correm em trilhos na cadência de um canto que preenche toda a sala. Ao entrar no espaço, tente se desconectar do mundo frenético lá fora e se conectar ao ritmo e ao tempo dos objetos dançantes feitos de palha, que somem e aparecem entre as paredes, ocupando o ambiente.


 

Edgar Cleijne e Ellen Gallagher

Cleijne (Eindhoven, Holanda, 1963. Vive entre Rotterdam, Holanda, e Nova York, EUA) e Gallagher (Providence, RI, EUA, 1965. Vive entre Rotterdam, Holanda, e Nova York, EUA) 

“Highway Gothic”, de Edgar Cleijne e Ellen Gallagher – Foto: Levi Fanan/Fundação Bienal de São Paulo/Divulgação

 

Enquanto a instalação de Tiganá e Aryson faz uma homenagem à floresta e aos espíritos protetores da natureza, o trabalho desta dupla mostra o perigo da mão humana que acelera a destruição do planeta, com suas práticas predatórias; e da humanidade, com violências raciais e sociais. A instalação “Highway Gothic” propõe um mergulho nas profundezas dos problemas criados durante o período das grandes navegações que se desdobram nos dias atuais.


 

Elena Asins

(Madri, Espanha, 1940 – Azpíroz, Espanha, 2015) 

Obra de Elena Asins – Foto: Levi Fanan/Fundação Bienal de São Paulo/Divulgação

 

A artista fez parte do grupo espanhol de vertente concreta, que se opunha aos artistas de estética expressionista. Em seu processo, Asins priorizava a construção mais racional da imagem dentro de uma rigorosa geometria, apresentando uma progressão da linha e das formas. Entretanto, ser racional não significa perder o lirismo. O conjunto de trabalhos apresentados nesta edição da Bienal mostra que a linha reta também dança.


 

Geraldine Javier

(Makati, Filipinas, 1970. Vive ao sul de Manila, Filipinas)

Na instalação “Oblivious to Oblivion” (Alheios ao esquecimento), de 2017, por meio de espelhos, Geraldine Javier alerta: você faz parte da natureza. A artista borda, em tecidos transparentes, imagens de plantas, quase numa catalogação têxtil de espécies. Os espelhos e os bordados pendurados em fios de nylon formam uma grande constelação mostrando que, apesar do antagonismo do homem, tudo faz parte desse sistema.


 

Igshaan Adams

(Bonteheuwel, Cidade do Cabo, África do Sul, 1982. Vive na Cidade do Cabo)

Quando você encontra a instalação “Samesyn”, parece que o ar se materializou em uma nuvem de fios brilhantes. Utilizando materiais diversos, como cordas, miçangas, tecidos e objetos, o artista explora temas relacionados à sua própria identidade como um homem queer de origem muçulmana. Os padrões apresentados em alguns de seus tapetes, são inspirados nos desenhos de tapetes de oração e nos pisos de linóleo da Cidade do Cabo.


 

Luana Vitra

(Contagem, MG, Brasil, 1995) 

“Pulmão da Mina”, de Luana Vitra – FOTO: Levi Fanan/Fundação Bienal de São Paulo

 

Reza a lenda que o canário é sensível à presença de gases tóxicos, por isso, pessoas escravizadas levavam o pássaro para as minas para alertá-las de uma possível intoxicação letal. A instalação (“Pulmão da Mina”) de Vitra parte dessa história. No trabalho, traz escultura de 125 canários que se misturam aos elementos construtivos, como cruzes e as linhas que formam um grid. Destaca-se ainda a presença do azul, feita de pó de anil — substância utilizada para limpeza energética.


 

Tadáskía

(Rio de Janeiro, Brasil, 1993. Vive no Rio de Janeiro) 

“Ave Preta Mística”, de Tadáskía – FOTO: Levi Fanan/Fundação Bienal de São Paulo/Divulgação

 

O misticismo é um elemento muito presente no trabalho da artista. Tadáskia costuma dizer que uma das premissas de seu processo criativo é “to show, to hide” (mostrar e esconder). A instalação “Ave Preta Mística” (2022) é “to show”. A artista ocupou todo espaço da sala — do teto ao chão — com desenhos e objetos. Com carvão e pastel seco nas mãos, Tadáskia criou uma paisagem vertiginosa com desenhos que vão do figurativo ao abstrato.


 

Serviço

35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível

Curadoria: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel
6 setembro – 10 dezembro 2023
ter, qua, sex, dom: 10h – 19h (última entrada: 18h30); qui, sáb: 10h – 21h (última
entrada: 20h30)
Pavilhão Ciccillo Matarazzo
Parque Ibirapuera · Portão 3
Entrada gratuita