“Sagitariana, gostosa e estressada”, “enfim, divorciada”, “toda estragadinha da cabeça” e “aguentei muito e ainda fui simpática”. Essas são algumas das frases estampadas nos bolos feitos por Milene Oliveira, dona da Piri Confeitaria, localizada em Pirituba, zona noroeste da cidade de São Paulo (SP).
A confeiteira viu seu negócio crescer em 2021, quando começou a produzir pequenos bolos com mensagens divertidas, os chamados bentô cakes. Na época, sua conta nas redes sociais cresceu de 3 mil para 30 mil seguidores em meses. Hoje, á soma é de quase 50 mil.
O nome “bentô” é de origem japonesa, e significa marmita ou refeição completa. Já a prática de vender pequenos bolos em marmitas se popularizou na Coreia do Sul.
A ideia de produzir os bentô cakes surgiu ao observar tendências de confeitarias estrangeiras. A princípio, Milene achou que o produto não interessaria os clientes, por serem pequenos e mais caros que os bolos convencionais. “Fiz dez modelos, porque achei que teria que divulgar muito, mas assim que postei foi sucesso imediato. A partir daí a confeitaria começou a crescer muito”, conta.
Hoje, a Piri Confeitaria tem sede própria, mas antes tudo era produzido na cozinha da casa de Milene, imóvel habitado pela família desde 1948. A jovem valoriza o fato de ter um negócio de sucesso na periferia. “Existem talentos e coisas muito boas acontecendo fora do eixo central da cidade. Temos um problema recorrente que é as pessoas acharem que Pirituba não faz parte da cidade [de São Paulo], acham que é uma cidade do interior”, diz.
Dos cones trufados aos bolos decorados – O gosto por fazer bolos não é por acaso, a confeitaria faz parte da história familiar de Milene. “Minha família é composta por cozinheiros e confeiteiros. Tenho uma foto com um bolo gigantesco, como eram aqueles de antigamente, que minha tia fazia”, relata.
Apesar disso, Milene não pensava em seguir a profissão dos familiares. A venda de doces e bolos começou como hobby e forma de ganhar uma renda complementar. Quando tinha 12 anos de idade, ajudava a sua mãe, a bancária Ana Oliveira, a fazer cones trufados.
Passados alguns anos, a jovem começou a produzir ela mesma doces para vender na escola, durante o Ensino Médio, e depois, na faculdade, em que cursou História da Arte. “Eu levava de duas a três horas e meia para chegar na faculdade, arranjar um emprego com esses horários era complicado. Então, eu decidi voltar a fazer trufas-cone para vender. Foi dando bastante certo, as pessoas começaram a pedir outros doces, como pão de mel, bolinho na marmita e bem-casado”, lembra. Daí surgiu a Piritrufas, que com a ampliação do cardápio se tornou a Piri Confeitaria.
“Em 2017, participamos de muitas feiras de rua, e ali começaram a pedir bolos decorados para festas. Eu tinha muito medo, achava que eu não dava para aquilo, mas resolvi enfrentar e começar a fazer bolos decorados”, afirma. Deu certo, com apenas um curso de decoração de bolos e muita prática, a jovem encanta os clientes e seguidores com suas artes.
Ao obter bons resultados com as vendas na Páscoa de 2018, Milene decidiu que a partir do ano seguinte iria se dedicar totalmente ao seu negócio. No começo, a mãe e a irmã a ajudavam no tempo livre entre estudos e trabalho. Atualmente, conta com uma funcionária e o trabalho da mãe em tempo integral.
“Meu sonho de futuro é conseguir ter uma confeitaria que atenda em três frentes: os bolos encomendados, delivery de docinhos para consumo imediato e pedidos corporativos”. Ela também deseja empregar mais mulheres periféricas. Outro sonho é no campo da educação: Milene quer criar um centro de treinamento e formação para mulheres negras, periféricas e/ou mães que queiram empreender no ramo da confeitaria.
que fofa