O Ministério da Igualdade Racial e o Banco do Brasil assinam nesta quinta-feira, 27, um protocolo de intenções inédito para unir esforços em ações direcionadas à superação da discriminação racial, à inclusão e à valorização das mulheres negras. A assinatura ocorre no Palácio do Planalto, durante a Instalação da Comissão de Combate às Desigualdades do Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável, o Conselhão.
A iniciativa conjunta do ministério e do banco público, que terá duração inicial de 24 meses, prevê programas, projetos, eventos, materiais informativos, campanhas publicitárias, entre outras medidas análogas. As ações serão de cooperação mútua e não envolvem cessão de recursos financeiros ou de pessoal entre as duas partes nem mesmo remuneração.
Segundo o banco, o objetivo é desenvolver diretrizes de atenção às mulheres autodeclaradas pretas ou pardas. Dentre as medidas pensadas, estão o fomento a ações de formação e capacitação de jovens negras e periféricas, o ingresso de jovens negras no mercado de trabalho e evolução do empreendedorismo e fortalecimento de micro e pequenos negócios de mulheres negras. O plano é também o intercâmbio de experiências para ampliar as políticas afirmativas internas de raça e gênero no banco.
A assinatura do protocolo de intenções para combate e superação do racismo e promoção da diversidade e da equidade ocorre na semana do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, e no dia em que Marielle Franco comemoraria 44 anos. A ex-vereadora do Rio de Janeiro foi assinada em março de 2018. Sua irmã, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destaca o simbolismo da parceria realizada pela primeira ministra da pasta e pela primeira mulher negra a comandar o BB em 214 anos de história, Tarciana Medeiros.
“Sabemos que a valorização de profissionais negros e negras no mercado de trabalho e em suas carreiras é fundamental e temos atuado incessantemente para que a população negra seja visibilizada e representada em todos os espaços. Queremos oferecer oportunidades, fomento às iniciativas e incentivo às tecnologias sociais, que sabemos que as mulheres negras constroem no dia a dia”, destaca Franco.
Tarciana, que tem entre suas “missões” dentro do banco o estímulo à diversidade, diz que não há como mudar o passado que “castigou grande parte de nossa sociedade com tantas injustiças” mas que há o dever de transformar o presente e “construir um futuro diferente para as próximas gerações, com mais igualdade, mais tolerância e mais respeito à diversidade”. “Por isso, parcerias como essa que firmamos hoje são tão relevantes para pavimentar uma sociedade mais justa”, considera.
A presidente do BB também reforçou que a pauta de diversidade já se reflete na composição da alta liderança da instituição, no programa de ascensão de executivos e na seleção externa.
“Nosso Conselho de Administração é um dos mais diversos do mercado. São oito membros, sendo dois negros, dois LGTB+, quatro homens e quatro mulheres. O Conselho Diretor, pela primeira vez, possui três mulheres entre os oito cargos de vice-presidente. Até dezembro de 2022, apenas uma mulher havia ocupado essa posição em toda a história do BB”, destaca Tarciana, que criou também um comitê de diversidade, que se equipara, na estratégia corporativa, com o de crédito, por exemplo.