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Mulheres da Periferia: Valéria Barcellos, artista negra e trans do Rio Grande do Sul

Andressa Marques Por Andressa Marques
14 de abril de 2022
em A voz é delas, Cultura e Lazer, Mulheres da Periferia, Na Perifa
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A artista trans Valéria Barcellos: 'a vida é insistir'. Foto: Silas Lima/Divulgação

A artista trans Valéria Barcellos: 'a vida é insistir'. Foto: Silas Lima/Divulgação

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Negra e trans, Valéria Barcellos tem 42 anos. Ela é cantora, atriz, DJ, performer, escritora e artista plástica — e tem orgulho de ser quem é. “A expectativa de vida de pessoas trans é de 35, mas a partir do momento que essa estatística escurece, ela fica menor ainda, diminuindo até os 25”, afirma.

Nascida em Santo Ângelo, no interior do Rio Grande do Sul, Valéria conta que sua infância foi marcada por momentos de muita criatividade e imaginação, mas, por viver numa cidade colonizada por alemães e consideravelmente preconceituosa, o que a atravessou primeiro foi o racismo. “Aos sete anos uma colega me perguntou na escola por que eu não tinha mochila. Prontamente respondi que não tinha porque minha mãe não comprou ou não tinha tempo e ela falou ‘tu não tem porque tu é negro’”, conta. “Então o meu primeiro abrir de olhos foi para o racismo”, completa.

A artista chama a atenção para os cuidados precoces que corpos negros e LGBTQIA+ devem ter logo nos primeiros anos da juventude. “A gente sempre tem que prever tudo com um passo à frente, ou seja, tinha que entender o porquê de as pessoas me tratarem daquele jeito”, conta.

‘A expectativa de vida de pessoas trans é de 35, mas a partir do momento que essa estatística escurece, ela fica menor ainda, diminuindo até os 25’, afirma Valéria Barcellos, 42. Foto: Silas Lima/Divulgação

Experiência artística — A relação de Valéria com a arte começou por volta dos oito anos de idade, quando cantou pela primeira vez em um festival da escola e sua voz foi muito elogiada. “Mesmo assim, não queria prosseguir no festival por vergonha, porque sabia que a minha presença causava muito furor”, afirma. “Nesse dia ganhei o festival e a partir daquele momento percebi que teria algo a se pensar na vida”, completa.

Ainda assim, o sonho da hoje multiartista era outro. “Queria ser professora, porque sabia que seria autoridade e eu ia poder ser quem eu sou de forma natural. Também achava que o meu cantar e fazer artístico acabavam atraindo pessoas transfóbicas”, revela. Mas ela seguiu no caminho da arte e aos 13 começou a participar de festivais e nunca mais parou.

Valéria abandonou sua cidade natal aos 25 anos pela falta de possibilidades. Nos últimos anos que passou em Santo Ângelo, ela fazia o processo hormonal de transição de gênero e cantava em uma banda. Foi então que pediram a ela fazer um papel de menino em sua performance. “Tinha que apertar o peito com faixas e eu já estava muito mal com aquele teatrinho”, lembra.

Após sair da banda, Valéria permaneceu em Santo Ângelo, mas sua renda acabou. “Já estava passando fome, morei em um porão em que não conseguia ficar em pé. Ninguém me dava emprego”, relata. “Então pedi dinheiro emprestado a um amigo e vim para Porto Alegre com a minha coragem”, afirma. Chegando na capital do Rio Grande do Sul, Valéria integrou-se na Vitraux Club, boate LGBTQIA+ referência em Porto Alegre desde 1983.

‘Apesar de viver não ser um privilégio e sim um direito, vivo isso como um privilégio. Estou viva aos 42 anos, vivo do meu fazer artístico e sou ouvida’, diz Valéria. Foto: Silas Lima/Divulgação

Ataque de intolerância — Em 2015, a artista foi vítima de golpes com chave de fenda e faca, chutes e socos. O ataque de ódio, um atentado contra a vida, trouxe prejuízo físico e emocional. “Aquele cidadão, que também era negro, me chama de termos racistas e transfóbicos, me agride e diz que meu lugar não é ali”, conta Valéria. “Essa frase ficou reverberando em minha cabeça. Foi aí que entendi que eu era uma voz ouvida e não escutada.”

Desde então, em todos os shows ela apresenta um discurso sobre o tema. “Eu sou um corpo que fala por si. Fazendo um show, o meu corpo está falando que sou uma mulher preta e trans que está cantando, mas se eu puder colocar mais elementos que falem da minha comunidade e de quem represento, tudo fica amplificado”, conclui.

Para Valéria, dizer que encontrou sentido num episódio de violência não é fácil. Mas ela acredita ser privilegiada em outros aspectos. “Apesar de viver não ser um privilégio e sim um direito, vivo isso como um privilégio. Estou viva aos 42 anos, vivo do meu fazer artístico e sou ouvida”, diz. “Sou tolerada em alguns lugares, mas isso é o início. Tenho a voz que pede o respeito”, conta.

Câncer — Em 2020, a artista recebeu o diagnóstico da doença do “quarto signo”, como Valéria chama o câncer. “Foi um período bem conturbado, difícil, dolorido e doloroso, mas também recompensador”, diz. As reflexões que brotaram na pausa forçada se transformaram em um livro autobiográfico. Transradioativa: Você Me Conhece Porque Tem Medo ou Tem Medo Porque Me Conhece?’ foi publicado em audiobook em novembro daquele ano.

A artista encara isso como mais um ensinamento. “Talvez passar por isso tenha sido a minha missão para entender que ainda tenho que olhar para outras pessoas que também precisam da minha compreensão e da minha ajuda”, diz. “O câncer certamente não foi uma das piores coisas que já passei, porque para câncer tem quimioterapia, para a transfobia e para o racismo não, ainda é algo que vivo”, completa.

Recuperada, Valéria segue nos projetos autorais de livros, álbuns e peças de teatro. “A vida é insistir”, afirma. “Quero causar uma reflexão nas pessoas com as seguintes perguntas: quantas pessoas trans vocês conhecem, convivem, já beijaram ou amaram? Com quantas vocês riram e de quantas vocês riram? Você nos conhece porque têm medo ou têm medo porque nos conhece?”


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